Fazer uma reforma da Previdência Social nos moldes pré-anunciados pelo ministro da Fazenda (Henrique Meirelles), com imposição de idade mínima de 65 anos pra aposentadoria, aumento do tempo de contribuição para 40 anos e desvinculação dos benefícios da Previdência do salário mínimo é jogar milhões de trabalhadores brasileiros num futuro incerto.
Dizer que se não houver uma reforma agora não haverá garantia de pagamento de benefícios no futuro é fazer terrorismo. Ouvimos isto há anos, ao mesmo tempo em que não vemos nenhuma medida concreta e transparente de contenção dos gastos públicos, de corte de privilégios, de enquadramento das devidas despesas da Previdência e da seguridade social.
O ministro disse que “é mais importante que exista uma Previdência Social sustentável e autofinanciável e que todos os trabalhadores tenham garantia de que a aposentadoria será paga”. Sob que condições? Aumentando o número dos que vão ganhar um salário mínimo, ou abaixo dele, se houver a desvinculação da política do mínimo dos benefícios?
Se existe de fato uma preocupação com os trabalhadores é preciso ouvi-los e reconhecer a sua dura realidade. A realidade de milhões que começam a trabalhar cedo, dos que ficam desempregados várias vezes ao longo da vida produtiva e ficam meses até anos sem arrumar um emprego formal e sem possibilidade de contribuir para ter uma aposentadoria. Com que idade esta pessoa completaria 40 anos de contribuição? E depois de certa idade, quem dará emprego?”.
Estamos atentos e vigilantes e não vamos aceitar retrocessos e mais sacrifícios da classe trabalhadora, tão punida pelas últimas medidas do governo Dilma.
Miguel Torres
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, da CNTM e vice-presidente da Força Sindical
Artigo publicado em 18 de maio de 2016 no Diário de S.Paulo