A data universal de comemoração do Dia do Trabalhador levou tempo a ser estabelecida. Reverenciando os ritos pagãos de chegada da primavera no Hemisfério Norte e respeitando a data costumeira de renegociação de acordos nos Estados Unidos, o massacre dos trabalhadores em Chicago (depois de uma provocação policial) tingiu de sangue a comemoração e fixou a data para o mundo inteiro (exceto para os Estados Unidos, mas isso é outra história).
Independentemente de seu caráter oficialista ou de seu caráter contestatório, com conflito ou com festa, a comemoração do 1º de Maio foi objetivamente a ocasião de uma luta unitária e secular do movimento operário: a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias.
Essa luta foi vitoriosa e é hoje um marco do processo civilizatório.
Este ano aqui no Brasil, dadas as condições anormais pelas quais passam a sociedade, o mundo político e as instituições, o 1º de maio será igual aos anteriores e muito diferente.
Será igual porque as pautas sindicais apresentadas em todos os eventos comemorativos serão unitárias, de denúncia, de resistência e de reivindicações.
Será diferente porque, dadas as condições, os eventos além de divididos geograficamente (o que tem sido costumeiro), marcarão a curto prazo a divisão do movimento sindical em dois grandes blocos aguerridos em suas linhas políticas.
Devemos nos inspirar na própria trajetória dos 130 anos de comemorações do 1º de Maio e trabalhar com paciência e com sagacidade para recompor a unidade de ação do movimento sindical brasileiro. A Argentina de hoje pode nos servir de lição.
A emoção tática não pode predominar sobre a razão estratégica, o imediato não pode vencer o permanente.
João Guilherme, consultor sindical