Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Crise internacional provoca demissões na região de Campinas

SÃO PAULO – A crise financeira internacional já provoca reflexos na região de Campinas, onde foram demitidos cerca de 3 mil trabalhadores, principalmente dos setores metalúrgico e eletrônico. A alemã Bosch foi a que mais demitiu, seguida pela Invicta, de Limeira, que fornecia peças automotivas para a Volkswagen.

Em Limeira, operários da Invicta fazem fila no Sindicato dos Metalúrgicos para tentarem receber a verba rescisória. A empresa demitiu 187 funcionários e justificou os cortes com a queda no faturamento de R$ 5 milhões para R$ 1 milhão desde que a montadora alemã suspendeu os pedidos.

De acordo com o diretor do sindicato em Limeira, José Carlos Pintos, a Invicta está propondo o parcelamento da verba rescisória. O sindicato aponta ainda de que os funcionários que não foram demitidos da Invicta também sofreram cortes nos benefícios como vale-alimentação e cesta básica.

Outra empresa da cidade, a TRW, também do setor de autopeças, demitiu 89 funcionários. Na região de Limeira, ao todo, o sindicato calcula que houve cerca de 700 demissões desde o início da crise internacional.

Somando-se a região de Limeira e de Campinas, o número de demissões chega a 3 mil. Em nove cidades da região apenas, foram demitidos 2.270 empregados, boa parte com mais de 1 ano de empresa, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos.

A Bosch teria demitido 250 funcionários, segundo números do sindicato, que a empresa não confirma. A multinacional divulgou nota afirmando que “houve uma adequação” no quadro de funcionários devido à crise mundial que, segundo a empresa, diminuiu as exportações e a demanda interna. A Bosch informou ainda que participa de reuniões com o sindicato para buscar alternativas para este cenário.

Para o presidente do sindicato campineiro, Jair dos Santos, a situação deve piorar no início do ano que vem. “Nós estamos praticamente no fim do ano e muitas empresas estão operando com férias, férias vencidas. Mas em janeiro não terá mais esse mecanismo de férias e, portanto, os trabalhadores precisam se preparar porque certamente as empresas vão ver a demissão como alternativa.”

A indústria Torque do Brasil, do ramo automotivo, localizada em Rio Claro, demitiu 480 funcionários neste mês. Os trabalhadores receberam o comunicado do desligamento, através de um telegrama do setor de Recursos Humanos. Outros 750 funcionários entraram em férias coletivas. Os trabalhadores aceitaram na terça-feira uma proposta de indenização oferecida pela empresa. Entre os benefícios acordados, estão o pagamento adicional de dois salários nominais e meio, três meses de plano médico, além de verba rescisória.