Vivian Costa – Do Diário do Grande ABC
As centrais sindicais brasileiras estão preocupadas com os trabalhadores por causa da crise. Por isso, seis delas – Força Sindical, CUT, CGTB, CTB, UGT e NCST – apresentaram ontem um documento que será enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva contendo propostas para garantir os empregos durante a crise financeira iniciada nos Estados Unidos. Segundo Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, é possível que haja desemprego na indústria, e uma das propostas das entidades é a ampliação do seguro desemprego para aqueles que forem demitidos.
“Não queremos que haja desemprego, mas se isso acontecer, propomos ao governo que amplie de três a cinco meses (de acordo com o tempo trabalhado) para 10 a 12 meses”, explica Paulinho. Segundo ele, o governo até agora só apresentou ajuda às empresas, e que está na hora de ajudar o trabalhador.
No documento, as centrais pedem que o governo assegure a manutenção dos investimentos públicos, da política de valorização do salário mínimo, da política de correção das faixas da tabela do IR (Imposto de Renda) – com ampliação do número de faixas e da Agenda do Trabalho Decente. Além disso, os sindicalistas querem que os recursos públicos destinados a empresas em dificuldades sejam liberados somente mediante o compromisso de garantia de empregos.
As centrais propõem ainda a redução da taxa de juros e do superávit fiscal, bem como a redução da jornada de trabalho, desoneração tributária da cesta-básica.
O documento pede a ampliação do CMN (Conselho Monetário Nacional) e a retirada de projetos em tramitação no Congresso sobre flexibilização das relações de trabalho. Para as centrais, é preciso ratificar e se fazer cumprir, as Convenções 151 e 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Segundo Paulinho, amanhã as centrais terão uma reunião como ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para entregar o documento.
Na opinião de Quintinho Severo, secretário geral da CUT os trabalhadores não podem pagar pela crise, e por isso, as entidades estão se movimentando para garantir os empregos e salários. “Essa crise é de muita especulação e os trabalhadores não podem pagar por suposições”, explica Severo.
Para ele, o governo tem feito o papel dele, mas as empresas não. “É preciso incentivar o consumo. Investir em produção para garantir empregos”, finaliza.