Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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No setor de autopeças, demissão chega por carta

Mais de mil trabalhadores já foram dispensados em São Paulo

Paula Pacheco, SÃO PAULO

O metalúrgico Luiz Renato Melinski, 33 anos, é um dos nomes da lista de 480 demitidos da indústria de autopeças Torque, de Rio Claro (SP), especializada no serviço de estamparia. Há sete anos e meio na empresa, Melinski foi surpreendido em casa na manhã do último domingo, quando pretendia fazer um churrasco com a família. A correspondência informava que ele não fazia mais parte do quadro de funcionários a partir do dia 3 de dezembro. Há pouco mais de um mês do Natal, Melinski não disfarça o choque: “Simplesmente não sei que rumo tomar”.

Já passa de 1 mil o número de trabalhadores demitidos nas últimas semanas pelas empresas de autopeças do Estado de São Paulo. Os cortes no setor começaram há cerca de um mês.

Hoje serão realizadas assembléias com os trabalhadores da Bosch, em Campinas (SP). Em pauta, a redução dos dias trabalhados, compensados em 2009, e a garantia de que não haja demissões até 31 de janeiro. “A proposta que fechamos com a Bosch é uma forma de ganhar tempo e esperar que a situação melhore”, diz Jair dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas.

A multinacional demitiu 80 empregados e, em conversas com o sindicato, avisou que o número pode subir para 600. Segundo Santos, a produção da empresa foi reduzida em quase 40% nos últimos meses, por conta da retração no consumo global. A Bosch é a maior companhia do setor de autopeças e no País emprega em torno de 5.600 funcionários.

Os primeiros reflexos da crise, segundo Santos, começaram em outubro, quando as empresas deram férias coletivas. ´Os empregados não devem pagar a conta, ainda mais se levarmos em consideração os lucros obtidos no setor nos últimos anos´, opina o sindicalista.

José Carlos Pinto de Oliveira, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira (SP), também está preocupado com a situação. A TRW demitiu 140 pessoas em outubro e na semana passada, outros 80. A Invicta mandou embora 187 e agora tem apenas 233 trabalhadores. A Click desligou 30 funcionários no mês passado.