Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Força SP debate a atual crise econômica mundial

Debate da crise: mobilizar para fazer o governo ouvir mais os trabalhadores do que os banqueiros.

Mobilizar os trabalhadores para que o governo se preocupe mais com os setores produtivos do que com o setor bancário.

Essa foi a principal conclusão das palestras promovidas pela Força Sindical São Paulo na sexta-feira, 24 de outubro, com os sociólogos e economistas Francisco Fonseca, da Fundação Getúlio Vargas, Edmilson Costa, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Sérgio Mendonça, economista e técnico do DIEESE e Jason Borba, da PUC São Paulo.

Participaram do debate, intitulado “A Crise Econômica e as Perspectivas para os Trabalhadores” dezenas de sindicalistas de várias categorias filiadas à Força.

Todos admitiram que o Brasil não ficará imune a essa crise que começou nos Estados Unidos e se alastrou pela Europa e Ásia. Segundo os palestrantes, haverá recessão e desemprego, inclusive no Brasil, pois a crise seria a mais intensa desde a de 1929.

Para o cientista político Francisco Fonseca o movimento sindical tem que mostrar ao governo que o mercado interno precisa ser fortalecido, com o combate a terceirização da mão-de-obra e a precarização do trabalho. “Não podemos esquecer que o Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo. Precisamos trazer para o sindicalismo quem hoje está na informalidade”, disse Fonseca.

Já o sociólogo Edmilson Costa acredita que o dólar vai ser questionado como moeda mundial e que os conflitos sociais poderão provocar grandes mudanças no sistema. Costa destacou ainda que o movimento sindical precisa criar seus próprios canais de comunicação com a sociedade e deve exigir a democratização dos meios de comunicação.

“Esta não é a crise final do capitalismo. Haverá recuperação daqui a alguns anos, mas os Estados Unidos vão sair mais fracos”, profetizou o sociólogo Jason Borba, que prevê desemprego em massa no início de 2009. Segundo ele, os sindicalistas devem ir até as bases, não esconder os riscos para as categorias e começar a se preparar já para novas campanhas. Borba lembrou que foi justamente na grande crise de 1978/1982 que o sindicalismo brasileiro ressurgiu e produziu o seu maior líder até hoje, o presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Mesmo admitindo que o Brasil vai desacelerar, o economista Sérgio Mendonça disse que o Dieese aposta num crescimento menor no ano que vem do que os 5% estimados para este ano. “Devemos ficar entre 3% e 3,5%”, avaliou ele, fazendo algumas ressalvas. “Se o governo começar a falar em cortar investimentos e não cortar a taxa de juros a situação pode piorar para os trabalhadores”, argumentou Mendonça, que defendeu ainda a construção de uma “agenda dos trabalhadores”, com marchas a Brasília para cobrar do governo aonde vai ser colocado o dinheiro do Estado.

E foi justamente uma nova marcha à Brasília que anunciou o secretário geral da Força Sindical nacional, João Carlos Gonçalves, o Juruna, para o dia 3 de dezembro. A “5ª Marcha à Brasília” será promovida, novamente, por todas as centrais sindicais. A principal bandeira será o combate a política de juros altos.

No entendimento das centrais sindicais, esse é o principal entrave para o desenvolvimento econômico e a geração de empregos e renda no país. A redução da jornada de trabalho, a luta pelo fim do fator previdenciário e pela reforma agrária, salário igual entre homens e mulheres, defesa do piso nacional do magistério, correção da tabela do imposto de renda e defesa das reservas do pré-sal, são bandeiras que também estarão na agenda da marcha.

As marchas das entidades sindicais vêm se tornando tradicional na agenda política da Capital Federal. Nas edições anteriores, o movimento sindical conquistou importantes avanços na agenda do mundo do trabalho, tais como a política de recuperação e valorização do salário mínimo, atualização da tabela do IR, aprovação da lei que regulamenta o funcionamento das centrais sindicais, entre outros.

Danilo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical São Paulo, lembrou que o movimento sindical já entregou ao governo suas propostas durante a “Jornada do Desenvolvimento com Distribuição de Renda”. “Nós temos capacidade de interferir nessa crise. E é essa mensagem que sai deste debate”, afirmou Danilo, pedindo aos sindicalistas que levem para as suas bases as discussões que foram travadas no debate.

Escrito por Mário Serapicos
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