23 maio 2013
CNTM
Cerca de 100 dirigentes sindicais e assessores de imprensa de diversas cidades e regiões do País participaram em 23 de maio do 3º Encontro Comunicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM). O evento, realizado no auditório da Força Sindical, em São Paulo, debateu a Imprensa no Brasil e o jornalismo sindical como instrumento de informação e mobilização da classe trabalhadora por mais conquistas.
Miguel Torres, presidente da CNTM, ressaltou a importância do evento para o intercâmbio de informações entre as entidades filiadas à Confederação, o reconhecimento dos avanços na comunicação sindical e a necessidade de mais investimentos na área. “Sugiro uma maior divulgação dos 70 anos da CLT, para fortalecer a luta pela manutenção e ampliação dos direitos trabalhistas e sociais no País”.
Luiz Carlos de Miranda, secretário de Relações Públicas da CNTM, disse que é preciso aprimorar a comunicação feita pelos sindicatos, estruturando departamentos de imprensa maiores e melhores. “Nossos encontros buscam, a partir dos exemplos de assessorias já estabelecidas, incentivar a criação de departamentos nos demais sindicatos”.
O secretário-geral Pedro Celso Rosa destacou a importância do portal da CNTM (www.cntm.org.br), que tem tido um expressivo número de acessos, para a divulgação de ações dos metalúrgicos de todo o País e o posicionamento das lideranças sindicais perante os fatos nacionais e internacionais.
Elzaelena Caldeira, presidenta do Sindicato dos Metalúrgicos de Rondônia, diz que os sindicatos estão sendo apresentados à sociedade de forma depreciativa e é preciso mudar esta situação. Para ela há dificuldade em comunicar com os jovens para atraí-los para o sindicato. “Eles não sabem como chegamos à jornada de 44 horas semanais, pois entendem que esta é uma decisão da empresa, e ignoram o quanto os trabalhadores e o movimento sindical lutaram para reduzir a jornada”.
Palestras
Tiago Santana
Eugênio Bucci
O jornalista Eugênio Bucci, professor da ECA-USP e ESPM e colunista do jornal O Estado de S.Paulo e revista Época, disse ter aceitado com muita alegria o convite para o 3º Encontro de Comunicação da CNTM, lembrando que recebeu uma carta de apoio da Força Sindical quando estava deixando a presidência da Radiobrás, cargo que ocupou de 2003 a 2007, no governo Lula.
Bucci sugeriu que os sindicatos criem espaço nos materiais de comunicação para uma seção de memória, um banco de dados para a história sindical com “carga de vida”.
O jornalista fez de forma didática uma diferenciação das atividades de jornalista de veículo e de assessor de imprensa. “A assessoria de imprensa tem interesse em produzir no espaço público a inclusão de uma causa, um interesse legítimo. A imprensa visa fiscalizar o poder, perguntar coisas que o cidadão quer saber, apontar os problemas, criticar”.
Com relação à questão de a imprensa estar a serviço de interesses partidários, antigovernistas e de uma elite, o professor diz que a ela é uma instituição maior que a somatória de jornais. “A imprensa são as vozes da sociedade e quanto mais diversas, dissonantes, melhor para o desenvolvimento da democracia”.
Para o trabalho de assessor de imprensa, Bucci acredita que, quanto mais transparente for a comunicação prestada, mais autoridade será conquistada nos veículos de comunicação e mais fácil será a sociedade acessar a pauta que a assessoria pretende dar visibilidade.
“Informação tem que ser bem editada, trazer inovação, ter linha direta com a sociedade”, diz Eugênio, que indica recorrer a oficinas regulares de formação em comunicação, conhecer a história da imprensa, empregar as novas tecnologias, promover uma capacitação geral, publicar os materiais em outros idiomas e fazer cursos no exterior.
Tiago Santana
João Guilherme
O consultor Sindical João Guilherme Vargas Netto diz que a conjuntura – com emprego em alta e unidade de ação – é favorável para o movimento sindical ter amplo alcance de suas ações, fortalecendo seu protagonismo e ampliando a relação com a sociedade e as instâncias de poder. “Precisamos ter uma boa comunicação, ágil, estruturada, para formar, informar e unificar a base de trabalhadores. E a comunicação sindical tem os recursos da internet e dos materiais impressos para dar voz aos que vem da base, que é de onde virá a voz dos jovens”.
Sobre como deve ser a relação das assessorias de imprensa com os veículos de comunicação, João Guilherme diz que é preciso ter “humildade, altivez e transparência”. “Precisamos ser os melhores informadores de nós mesmos, divulgando os 70 anos da CLT, as conquistas sociais a partir da valorização do salário mínimo, que mitigou a miséria no País, da queda dos juros e do pleno emprego. Os jovens e hoje estão fascinados com o 1º emprego, o que não ocorria no período de políticas neoliberais. Precisamos encontrar meios e formas de cativar esta juventude e um caminho é promover atividades culturais e artísticas para que ela possa ter espaço para participar e se expressar”, diz João Guilherme.
Depoimentos
Na segunda etapa do 3º Encontro de Comunicação da CNTM, tivemos a participação de João Franzin (jornalista da Agência Sindical), Gláucio Dias (jornalista da Confraria da Notícia), Roberto Anacleto (técnico do Dieese/CNTM), Carolina Maria Ruy (jornalista e coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical), Sara Puerta e Claudinéia Arcanjo (jornalistas do Centro de Solidariedade ao Trabalhador).
Tiago Santana
Claudineia, Sara, Franzin, Luiz Carlos, Carolina e Gláucio
O coordenador da Agência Sindical, jornalista João Franzin, falou sobre a Rede de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região. Franzin fez um relato de uma experiência vitoriosa da comunicação do Sindicato, dizendo que “esse êxito se deve à decisão política da diretoria da entidade em investir na comunicação com a base e também com a coletividade”.
A imprensa do Sindicato de Guarulhos produz jornal mensal, boletins, cartilhas, livreto “guia de conquistas”, coletiva de imprensa, revistas, calendário anual, fotos, vídeos, faixas, camisetas, banners, convites, publicidade em outdoor, programa de TV “Voz do Trabalhador”, programa para emissoras de rádio, artigos semanais, site www.metalurgico.org.br, facebook, blog, boletim eletrônico “Expresso Metalúrgico”, anúncios em jornais e revistas, releases e livros, como o recente “Perfil dos Trabalhadores Metalúrgicos de Guarulhos e Região”.
João Franzin anunciou que pretende continuar o debate sobre comunicação em um programa no Câmera Aberta Sindical.
Claudineia Arcanjo e Sara Puerta (jornalistas do Centro de Solidariedade ao Trabalhador), falaram sobre o desafio de divulgar vagas de emprego nos veículos de comunicação.
Sara diz que o tema emprego é “uma notícia positiva”. Claudineia diz que havia mais espaço na televisão, mas que hoje estão “contando muito com as redes sociais e com matérias publicadas em jornais de bairro”. Elas, em suma, explicaram o trabalho que desenvolvem no Centro utilizando o site da entidade. Uma experiência nova é o “Orienta“, que dá dicas de como se portar em uma entrevista de emprego, como elaborar o currículo e como se vestir.
A jornalista Carolina Maria Ruy apresentou o Centro de Cultura e Memória Sindical, como ele surgiu em 1980, seu resgate a partir de 2010, os projetos já realizados e o arquivo como centro de pesquisa, debates e difusão cultural, não como um depósito. “É fundamental os trabalhadores resgatarem sua história e os sindicatos investirem nisto, garantindo qualidade dos arquivos para as atuais e futuras gerações”. No site, é possível encontrar depoimentos de sindicalistas, músicas sobre o mundo do trabalho, filmes e fotos.
Gláucio Dias, jornalista da Confraria da Notícia, destacou a visibilidade que o portal da CNTM na internet está dando para as ações sindicais dos metalúrgicos de todo o País. Sobre a Rede de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Gláucio falou que o trabalho envolve a produção de jornais e boletins impressos, site, vídeos para a MetalTV, áudios para MetalRádio, facebook, cartilhas, MetalRevista, campanhas, Revista Reflexão Jurídica e Blog contra Assédio Moral na Bosch.
“Nossa equipe de comunicação acompanha as reuniões da diretoria, promove eventos e seminários, ajuda a ´pensar` politicamente o Sindicato, assessora a diretoria e departamentos do Sindicato e faz a cobertura diária das assembleias e demais fatos sindicais”, explica Gláucio. Ele defende que os materiais sindicais tenham periodicidade certa, textos curtos e uma linguagem popular, evitando o personalismo e dando mais destaque para política sindical e matérias de serviço.
O evento foi prestigiado por João Carlos Gonçalves “Juruna”, secretário-geral da Força Sindical, e pelos diretores da CNTM Carlos Lacerda e Carlos Albino.
Tiago Santana
Carlos Lacerda, Val Gomes, Luiz Carlos, Carlos Albino e Juruna
Juruna afirmou que os três encontros da CNTM incentivaram a Força Sindical a colocar em debate o tema Comunicação no 7º Congresso da central, em julho, em Praia Grande. Lacerda agradeceu o espaço cedido pela Força Sindical para a realização do 2º e do 3º Encontro de Comunicação. Carlos Albino ressaltou que o Sindicato dos Metalúrgicos de Imprensa costuma homenagear os jornalistas da cidade e região no Dia da Imprensa, que é celebrado em 1 de junho.
Roberto Anacleto, do Dieese, subseção CNTM, apontou o problema de um total de 150 apenas 51 entidades sindicais filiadas à CNTM terem sites, mas destacou os avanços na comunicação com os três encontros já realizados e a proposta de desenvolvimento de redes sindicais, a partir de um e-group específico sobre os setores metalúrgicos no site da CNTM. “As redes são um instrumento de solidariedade aos trabalhadores de empresas no Brasil e no mundo, por intermédio de divulgação de fatos ocorridos nos locais de trabalho e de ações para solução dos problemas”.
Tiago Santana
Medeiros
Luiz Antonio de Medeiros, fundador da CNTM, recém nomeado Superintendente Regional do Trabalho no Estado de SP, esteve presente ao evento e declarou aos participantes: “Comunicação com a base é tudo! Você só mobiliza e forma opinião se investir em comunicação, jornal, site, blog e facebook”.
Propostas para a CNTM e entidades filiadas
Antes do encerramento, os participantes do 3º Encontro de Comunicação CNTM encaminharam as seguintes sugestões:
• fazer parcerias com instituições de ensino renomadas para realização de cursos de Comunicação Sindical, inclusive de pós-graduação, para ampliar a qualificação dos assessores de imprensa sindical.
• aumentar o tempo dos próximos encontros para pelo menos dois dias.
• transmitir os próximos encontros ao vivo por vídeo streaming, para quem não estiver presente poder assistir pela internet.
• fazer encontros regionais antes do 4º Encontro de Comunicação.
• fomentar o protagonismo do trabalhador, por intermédio de matérias onde ele seja o agente da informação.
• criar um canal virtual de comunicação (facebook. blog, site, etc.) para que os participantes deste grupo possam acessar e trocar informações sobre o trabalho de assessoria de imprensa e compartilhar materiais e ideias sobre comunicação sindical. Um moderador seria o responsável geral pelo espaço, com um gestor em cada sindicato.
• apoiar os sindicatos do interior, de todos os estados, para que montem setores de comunicação eficientes, com treinamento para os atuais e futuros profissionais de comunicação.
• realizar encontros, cursos, seminários ou oficinas de capacitação para os dirigentes sindicais conhecerem mais sobre a importância da “ferramenta” comunicação para as suas ações com a base. Levar palestrantes que possam orientar em questões de estrutura, custos e investimentos em departamentos de imprensa.
• fazer um estudo sobre a visão que o trabalhador tem da comunicação sindical e dos materiais mais utilizados (jornal, programas de TV e rádio, revistas, sites e redes sociais).
Propostas para a Força Sindical
Os participantes do 3º Encontro de Comunicação CNTM aprovaram uma mensagem de apoio ao Tema Comunicação, que integra os debates do 7º Congresso Nacional da Força Sindical, e a ideia de a central produzir uma revista periódica e investir em emissoras próprias de rádio e televisão.
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Fotos de Tiago Santana
Texto Val Gomes
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