O Estado de S.Paulo
Marcelo Rehder
Mesmo com a desaceleração da economia neste início de ano, trabalhadores do setor privado têm conquistado aumentos reais de salários superiores ao obtido pelos metroviários. O ganho real dos 8,7 mil trabalhadores do Metrô de São Paulo foi de 1,2%, além da reposição da inflação, de 4,88%, medida pelo INPC.
São muitos os exemplos de categorias que conseguiram resultados melhores na mesa de negociação. Na Bahia, por exemplo, depois de 17 dias de greve, cerca de 35 mil operários da construção pesada e de infraestrutura industrial conquistaram, no início do mês, aumento real de 4,7%, quase três vezes maior que o dos metroviários. Em São Paulo, 100 mil frentistas de postos de combustíveis conseguiram aumento de 3,8% além da inflação.
Ao contrário do setor público, onde o negociador é o governo, o cenário continua favorável aos aumentos nas empresas privadas. Entre os fatores que facilitam as negociações estão os índices de preços bem comportados até agora. Quanto mais baixa a inflação, mais fácil é a obtenção de aumento real de salário.
O poder de barganha dos trabalhadores foi fortalecido também pelo reajuste de 14% (aumento real de 7,2%) no valor do salário mínimo. Quando o mínimo sobe, os salários mais baixos são reajustados a taxas semelhantes, pois não podem ficar menores que o salário mínimo. Além disso, a capacidade de pressão de algumas categorias foi turbinada pela escassez de mão de obra.