Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Setor lança desempregômetro para contar vagas perdidas para a importação

Valor Econômico
Por Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre

Emiliano Capozoli/Valor / Emiliano Capozoli/Valor
Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq,
vê “tsunami de importações”

O aumento das importações e a consequente deterioração da balança comercial da indústria de transformação impediu a criação de 4,2 milhões de empregos no setor no país de 2006 a 2011. O balanço foi apresentado nesta quinta-feira pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), que lançou o “desempregômetro”, um painel eletrônico instalado na sede da entidade, em São Paulo, para informar o número de vagas que deixam de ser criadas no Brasil, como parte de um movimento para deter a desindustrialização da economia.

“O setor está sendo arrasado com o tsunami de importações, principalmente dos países asiáticos”, disse o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, numa alusão à crítica da presidente Dilma Rousseff contra o “tsunami” de capital especulativo originário dos países desenvolvidos que prejudica as economias emergentes. Conforme o executivo, o governo precisar reforçar as medidas macroeconômicas de apoio à produção nacional, ampliar a defesa comercial do país, acabar com os incentivos às importações e estimular o investimento produtivo no país.

A estimativa de perda de empregos potenciais leva em conta a projeção de que cada R$ 1 milhão de produção nacional em substituição às importações abriria 28 novas vagas na cadeia produtiva em questão, explicou Aubert Neto. Para 2012, a previsão é que 765 mil empregos deixarão de ser criados, em consequência de um déficit de R$ 99 bilhões na balança comercial da indústria de transformação. “Mais da metade desses empregos são gerados na China”, comentou o executivo. Segundo ele, a indústria de transformação brasileira emprega 12,2 milhões de pessoas.

As medidas sugeridas integram o “Grito de Alerta”, documento assinado por 18 entidades empresariais e de trabalhadores, da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) à Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, e já entregue ao presidente do Senado, José Sarney. As propostas vão pautar manifestações agendadas para várias capitais entre março e maio. Segundo Aubert Neto, o movimento foi criado para “pressionar” e “ajudar” o governo a fazer as reformas necessárias e já conta com o apoio de mais de 30 entidades.

Para o presidente da Abimaq, o Banco Central tomou uma decisão “certíssima” ao reduzir a taxa Selic em 0,75 ponto na quarta-feira para 9,75%, depois do “susto” provocado na véspera pela divulgação do baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, que ficou em 2,7%, e especialmente da indústria, com alta de apenas 1,6%.