Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Dilma cobra plano de ação contra real forte

Críticas à demora da equipe econômica em apresentar um plano para enfrentar o ‘tsunami’ monetário ganham terreno no Planalto 

07 de março de 2012 | 22h 45

Adriana Fernandes e Renata Veríssimo, da Agência Estado

BRASÍLIA – O Palácio do Planalto resolveu pressionar a equipe econômica para estabelecer uma “rede de proteção” mais duradoura para evitar a valorização do real e os seus efeitos negativos sobre a indústria. Mais do que medidas pontuais, a presidente Dilma Rousseff quer um plano de ação amplo para enfrentar o “tsunami” de dólares que devem entrar no País nos próximos meses.

O desconforto com os efeitos da taxa de câmbio é crescente no governo e críticas à demora da equipe econômica em apresentar um plano maior para enfrentar o problema – não só no curto prazo – começam a ganhar terreno fértil no Planalto.

Setores da indústria mais prejudicados pelo real valorizado também têm amplificado a grita nos gabinetes de Brasília. A avaliação é que as medidas pontuais adotadas de surpresa pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central foram bem-sucedidas e evitaram nos últimos dois anos que o dólar caísse a níveis inferiores a R$ 1,60. Mas é preciso avançar mais em mudanças estruturais, principalmente nas áreas tributária e trabalhista.

A queixa é que o Ministério da Fazenda não pode concentrar os seus esforços apenas em medidas de controle do fluxo de capitais no curto prazo. O Brasil vai continuar sendo atrativo para os investidores. E, mesmo que o Banco Central acelere a redução da taxa Selic, o diferencial de juros entre o Brasil e as economias mais maduras permanecerá elevado.

Descontentes. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, é um dos descontentes. O ministro tem dito a interlocutores que, com o real tão valorizado, dificilmente as medidas para ajudar os exportadores surtirão muito efeito, como o Reintegra, programa que prevê a devolução de tributos para exportadores de manufaturados.

O ministro não faz declarações em público para não estimular notícias sobre possíveis divergências com o ministro Mantega, mas tem levado suas preocupações diretamente à presidente Dilma. Para Pimentel, nenhum país aguentaria um câmbio no patamar do Brasil.

O ministro Mantega tem acenado com novas medidas cambiais (uma a cada mês) e incluiu de forma contundente a variável câmbio como peça fundamental na estratégia de estímulo à aceleração do crescimento em 2012. E começa a desenhar uma estratégia mais integrada de proteção da indústria nacional não só do mercado externo para as exportações brasileiras, mas também interno porque o dólar mais baixo estimula as importações.

Faz parte dessa estratégia a ampliação do Plano Brasil Maior, a política industrial lançada no ano passado e considerada tímida para enfrentar o problema da competitividade. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os Ministérios do Desenvolvimento e da Fazenda estão trabalhando nas novas medidas. O governo deve avançar na desoneração da folha de pagamento das empresas.