Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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A indústria paga o pato

Carta Capital
Reação. Mantega e Dilma endurecem no discurso e nas medidas. O protecionismo dá as cartas, como no caso da Embraer nos EUA. Foto: Antonio Cruz/ABR

 

Dilma rousseff chamou de “tsunami monetário” que “canibaliza os mercados emergentes”. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a usar o termo “guerra cambial”. Após autoridades brasileiras demonstrarem novas preocupações com a enxurrada de dólares que inunda a economia, o governo ampliou o uso do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), desta vez sobre os recursos que entram no País travestidos de investimentos produtivos para aproveitar os juros altos.

A medida, na prática, ampliou o prazo em que o tributo é cobrado, de dois para três anos – e reforçou o arsenal governamental para conter a valorização do real, embora não tenha funcionado no primeiro dia: o dólar caiu 0,47% na quinta-feira 1º. Serve, também, como resposta pública à ofensiva de empresários e sindicatos de trabalhadores ligados à indústria que reclamam da perda de competitividade das empresas nacionais. Industriais e sindicalistas aumentaram a pressão e exigem medidas para se contrapor à farra dos importados, especialmente a partir do agravamento da crise nos Estados Unidos, Europa e Japão.

Pode dar a impressão de ser mais uma dose da tradicional choradeira do empresariado, nem sempre autêntica. Os especialistas advertem, contudo, que desta vez não faltam motivos para o desalento. “Existem algumas questões novas, mesmo que o câmbio ainda seja um ponto fundamental. E a estrutura tributária siga complexa e elevada. E persistem problemas anteriores à crise que precisam ser considerados”, diz o economista Célio Hiratuka, professor do Instituto de Economia da Unicamp.

A partir de 2004, diz Hiratuka, o mercado interno passou a crescer sem a restrição externa que o emperrava desde os anos 1980. “Por conta das commodities e das políticas de geração de renda e recuperação dos postos de trabalho, ficou evidente a possibilidade de termos um vetor de crescimento bastante pujante a partir do incremento do mercado doméstico, tanto por meio do consumo quanto do investimento.”

*Leia matéria completa na Edição 687 de CartaCapital