Valor Econômico
Eduardo Laguna
Um cenário de demissões, queda na atividade e forte entrada de produtos importados foi traçado ontem por representantes da indústria nacional de máquinas e equipamentos – na esteira da divulgação de um crescimento de 9,2% do faturamento do setor em 2011.
A Abimaq – entidade que abriga os interesses do setor de bens de capital mecânicos – informou que os fabricantes eliminaram 2,32 mil vagas de trabalho nos dois últimos meses de 2011. O movimento, contudo, não impediu um crescimento de 3,6% na ocupação do setor em todo o ano passado.
Os cortes, segundo a associação, estão relacionados à maior penetração de equipamentos importados no mercado nacional, levando a uma queda na utilização da capacidade instalada. Em janeiro, o uso da capacidade ficou em 75,8%, abaixo dos 79,2% de um ano antes e também inferior a patamares registrados nos piores momentos da crise financeira internacional de 2008.
Em apresentação a jornalistas, Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, disse ontem que não acredita em demissões em massa. Por outro lado, previu a continuidade dos ajustes no quadro de funcionários, dada a tendência de retração de 20% na produção neste ano. “O empresário está perdendo esperança de que vai ganhar competitividade.”
Em 2011, o setor acumulou déficit comercial recorde de US$ 17,88 bilhões. Mantidas as condições atuais de câmbio, juros e demanda, a entidade acredita que esse saldo comercial poderá superar a marca de US$ 20 bilhões neste ano.
Na luta contra a crescente entrada de máquinas asiáticas, a Abimaq chegou a pleitear ações de salvaguarda contra sete produtos da China, mas por enquanto só conseguiu obter novo tratamento administrativo para válvulas solenóides e válvulas borboletas, que estão sujeitas agora a licenças não automáticas para entrar no Brasil.