Estadão Online
A rara unidade entre os três movimentos trabalhistas reflete a oposição comum ao orçamento apresentado pelo governo do primeiro-ministro
Gabriel Bueno, da Agência Estado
ROMA – As três principais centrais sindicais da Itália anunciaram nesta quarta-feira que realizarão uma greve conjunta de três horas na próxima segunda-feira. A rara mostra de unidade entre os três movimentos trabalhistas, cada um com fortes laços com diferentes partidos políticos, reflete a oposição comum ao orçamento apresentado pelo governo do primeiro-ministro Mario Monti.
Líderes da esquerdista CGIL, da socialista UIL e da CISL, democrata-cristã, tomaram a decisão após um rápido encontro no início desta quarta-feira. Os sindicatos planejam uma greve de um dia, caso o governo “não aceite as demandas por diálogo e mudanças no decreto de orçamento”, afirmou o líder da CISL, Raffaele Bonanni.
As principais objeções ao documento são a introdução de taxas de propriedade sobre residências para aqueles que têm apenas uma propriedade, bem como cortes nas pensões e o aumento na idade para a aposentadoria, disse Luigi Angeletti, chefe da UIL.
O decreto prevê aumento na idade para aposentadoria e cortes nos ajustes de inflação para quase todos os pensionistas, exceto aqueles que ganham o salário mínimo, além da introdução de cerca de 11 bilhões de euros em impostos sobre imóveis. A intenção do governo é cortar 20 bilhões de euros do déficit orçamentário, mas a medida deve cortar em meio ponto porcentual o crescimento econômico para 2012 e 2013, segundo estimativas do próprio governo.
As três centrais afirmaram que divulgarão suas propostas mais tarde nesta quarta-feira, enviando-as para os comitês de orçamento no Legislativo.
A quarta maior central sindical da Itália, UGL, com laços históricos com um partido de direita, planeja se unir à paralisação do dia 12, afirmou seu líder Giovanni Centrella.
No fim da terça-feira, Monti disse durante entrevista na televisão que esperava protestos e greves, mas as medidas de austeridade eram necessárias. O premiê afirmou que há “pouco espaço” para mudanças no decreto, atualmente em debate no Parlamento. As informações são da Dow Jones.