Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Câmbio e crise prejudicam microempresas


Luciele Velluto

Com o real valorizado e a crise da economia internacional, 2011 pode não ser o melhor momento das micro e pequenas empresas se lançarem no mercado externo. A expectativa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é que os resultados deste ano das exportações dos empreendimentos de pequeno porte sejam afetados pela situação da economia internacional.

“É um cenário difícil para quem quer entrar na área de exportação. Estamos projetando que os resultados deste ano sejam iguais ou até piores do que o de 2010”, comenta Leonardo Mattar, analista de gestão de estratégica do Sebrae.

Em 2010, as vendas das micro e pequenas empresas para o mercado exterior cresceram 7,6% em relação ao ano anterior, com volume financeiro de US$ 2,03 bilhões ante US$1,88 bilhão na comparação com 2009.

No entanto, o número de empresas exportadoras foi reduzido em 2,7%, passando de 12.184 em 2009 para 11.858 no ano passado, segundo os dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e do Sebrae.

“A queda está relacionada às empresas que não exportam com regularidade ou que eram iniciantes na área de exportação. Essas, que já tinham dificuldades em exportar, encontraram um cenário ainda mais difícil com a valorização do real ao longo do ano passado, além de ainda não terem se recuperado da queda das vendas ao mercado externo que ocorreu com a crise iniciada em 2008”, afirma Mattar.

Segundo o analista do Sebrae, apenas 44% das micro e pequenas exportadoras realizam o negócio continuamente. “Para quem já está consolidado nesse mercado de vendas para outros países há uma estabilidade, pois já tem um nome entre os seus clientes, entre os seus consumidores”, diz.

Para Mattar, outro fator que desmotivou as empresas a buscarem o mercado exterior em 2010 foi o mercado interno aquecido, onde está o principal público das quase 6 milhões de micro e pequenas empresas existentes no País.

O professor de direito e relações internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Marcus Vinícius de Freitas, acredita que, apesar de o mercado externo não estar em um momento propício para que os empreendimentos de pequeno porte comecem a exportar, pode ser a hora dessas empresas se apresentarem como uma alternativa para o mercado externo.

“Oferecemos um produto mais simples, de menor tecnologia e mais barato. Temos que mostrar que podemos ser uma alternativa viável a médio e longo prazo para uma economia que está em crise”, afirmou.

Os produtos mais exportados são os manufaturados dos segmentos de pedras preciosas, madeira, calçados e autopeças.

Na pequena fabricante de cosméticos Feitiços Aromáticos, que vende para o exterior há oito anos, a crise econômica internacional preocupou, mas a valorização do real frente ao dólar pesou mais nas exportações. “Não vamos conseguir aumentar o volume de vendas, mas vamos conseguir manter o mesmo patamar. Precisei reformular a forma de exportar para a Espanha e agora os produtos vão por meio de um cliente de Portugal para reduzir os custos e continuar competitiva”, explica Raquel Cruz, sócia da empresa.

Além do mercado europeu, a Feitiços Aromáticos também está de olho no mercado da América Latina.

“Há pouco tempo mandamos via correio uma remessa de teste para um cliente no Chile. Estamos buscando novos mercados”, diz a empreendedora.