Centrais sindicais promovem manifestações simultâneas em SP e Brasília
Roberta Scrivano SÃO PAULO e Fernando Nakagawa BRASÍLIA
São Paulo e Brasília serviram de palco na tarde de ontem para os trabalhadores protestarem contra a alta taxa básica de juros (Selic) do País. As duas manifestações ocorreram na porta dos prédios do Banco Central (BC) – que decide hoje se eleva a Selic – de cada uma das capitais.
Nilton Fukuda/AE
Performance.
Em SP, estátuas vivas dançaram ao som do hit ´Viva a Sociedade Alternativa´
Em Brasília, a Força Sindical, além dos manifestantes, levou churrasqueiras e 100 quilos de sardinha para assar em frente à sede do BC. “A sardinha é uma comida de pobre e também comida de tubarão. Como esses tubarões tecnocratas do Banco Central que se reúnem aqui e decidem o rumo do Brasil”, protestou o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho.
Enquanto isso, na Avenida Paulista, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), reunia pouco mais de 100 manifestantes. “Vamos derrubar o juro”, repetia à imprensa Arthur Henrique, presidente da CUT Nacional, enquanto as caixas de som embalavam o hit “Viva a Sociedade Alternativa” de Raul Seixas.
No protesto da CUT, tanto Arthur Henrique, quanto os outros representantes da Central, tinham na ponta da língua o motivo para o governo abaixar a taxa de juro: “O mundo está em crise e nós temos a taxa de juros mais alta do planeta. Subir a taxa vai contra tudo”, dizia Adi dos Santos Lima, da CUT São Paulo.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, e os diretores da instituição não foram poupados das críticas. “A sardinha assada tem um cheiro ruim que vamos tentar levar para lá”, dizia Paulinho, em Brasília, apontando para as janelas do alto do edifício do BC em que os diretores e o presidente trabalham. As janelas, porém, estavam fechadas, exatamente como manda o ar- condicionado do prédio.
Em São Paulo, os líderes da manifestação diziam que o Tombini “está mais para presidente do sindicato dos banqueiros do que para diretor do Banco Central.”
“É um absurdo o Brasil ter os juros mais altos do mundo. Precisamos de juro mais baixo para aumentar a produção, ter mais desenvolvimento e mais emprego”, também insistia Paulinho, em Brasília. O PDT do deputado paulista, vale lembrar, faz parte da base de apoio ao governo de Dilma Rousseff.
O sindicalista reconhece que vai ser difícil, mas diz que queria que o Banco Central surpreendesse a todos com um corte do juro de 1 ponto porcentual, o que levaria a taxa Selic para 11,50%. Longe da fumaça das sardinhas, porém, no mercado financeiro, prevalece a aposta de que o juro será mantido no atual patamar de 12,50%, interrompendo ciclo de aumento dos juros que teve início em janeiro para esfriar um pouco o ritmo da economia brasileira.