Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Fiesp, CUT e Força Sindical unidas.


Dirigentes da Federação das Indústrias, da CUT e da Força Sindical vão elaborar carta, com reivindicações comuns, a ser entregue a Dilma.  

Paula Cunha

Ayrton Vignola/AE
Paulo Skaf, presidente da Fiesp, ladeado por Miguel Torres, do Sindicato dos Metalúrgicos do SP (esq.) e por Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical.

A indústria brasileira representava 27,4% do Produto Interno Bruto do País (PIB) em 1980, mas atualmente a participação equivale a 15,8% de toda a riqueza gerada. O mesmo aconteceu com os empregos proporcionados pela indústria, que representavam 25,4% dos postos de trabalho em 1985 e hoje ficam com 18,1% do total.

Diante deste recuo tão expressivo e da redução da competitividade do setor produtivo do País em razão do real valorizado, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) uniu-se a centrais sindicais que representam os trabalhadores como Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e de São Paulo para elaborar uma carta com reinvidicações a ser encaminhada à presidente Dilma Rousseff.

No seminário “Brasil do diálogo, da produção e do emprego”, a ser realizado em São Paulo nesta quinta-feira, estarão todos sentados lado a lado para discutir os pontos e a redação final da carta. Devem fazer parte do texto propostas como a da desoneração da folha de pagamento das empresas e sugestões como a da adoção de alíquota zero para o Imposto sobre Circulação sobre Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) em operações interestaduais que envolvam produtos importados – isso, de acordo com os promotores do encontro, evitaria a guerra fiscal entre os estados.

Reforma tributária – Segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, este seria um grande passo para a realização da reforma tributária. Para os representantes dos sindicatos, a iniciativa visa reverter o quadro de deterioração da indústria e propor soluções ao governo.

Na entrevista realizada ontem na sede da Fiesp, Skaf informou que o seminário terá a a presença do vice-presidente Michel Temer, e reunirá ministros, economistas, trabalhadores e empresários de vários setores da indústria.

Impostos – Os participantes do evento pretendem discutir e encaminhar outras reivindicações ao governo federal, como a redução dos juros; a isenção de Imposto de Renda sobre a renda decorrente dos ganhos com a Participação sobre os Lucros; aumento dos prazos para recolhimento de impostos e correção da tabela do Imposto de Renda.

“Estas pautas não são pontuais nem momentâneas. Vamos aproveitar a entrada do novo governo e adotar um novo estilo de atuação”, disse o presidente da Fiesp.

Outras sugestões serão discutidas no fórum a ser criado que reunirá integrantes do governo, trabalhadores e setor produtivo do País.

Neste contexto, todos os participantes afirmaram que o evento será importante para estabelecer novas relações entre sindicatos patronais e de trabalhadores.

Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, afirmou que o seminário ocorre em um momento crítico para a indústria e que os metalúrgicos paulistas são os mais afetados por este processo de desindustrialização.

Qualificação – Para Miguel Torres a solução será a adoção de uma política de qualificação para os trabalhadores do setor. Com igual preocupação, Paulo Pereira da Silva, deputado federal do PDT e presidente da Força Sindical, lembrou que foram criados 2,5 milhões de postos de trabalho em todo o País. “Precisamos discutir a qualificação profissional, a rotatividade nos postos de trabalho e a representação sindical nos locais de trabalho. Estamos, atualmente, nos transformando em apertadores de parafuso”, acrescentou Pereira.

Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, lembrou que as iniciativas dos setores produtivos em 1992 e 2008 para propor soluções colaboraram para diminuir o impacto durante as crises econômicas ocorridas naqueles anos. Ele reivindica do governo federal a criação de um mecanismo de preservação dos empregos e a renovação nas relações entre trabalhadores e empresários.

O seminário “Brasil do diálogo, da produção e do emprego” será realizado no Moinho Santo Antônio, na  Mooca.