Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Presidente da Volks: reivindicações no PR ameaçam fábrica e empregos

Grevistas querem Participação nos Lucros e Resultados de R$ 12 mil

Lino Rodrigues*

SÃO PAULO e FRANKFURT. O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, afirmou ontem em nota que as reivindicações dos funcionários em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR), ameaçam a sustentabilidade da fábrica e colocam em risco a manutenção do nível de emprego. Schmall disse ainda que a montadora tem “o claro objetivo de negociar com o sindicato”, mas ressaltou que é necessário buscar um acordo que seja positivo para a continuidade da unidade, que enfrenta um mercado em desenvolvimento e uma concorrência em expansão.

“A negociação de uma PLR (Participação nos Lucros e Resultados) com base na realidade do mercado e do desempenho da fábrica é fundamental para as decisões de investimento futuro, bem como da manutenção do nível de emprego”, afirma a nota.

A declaração do executivo da Volks foi motivada pelo impasse nas negociações sobre o valor da PLR. Os 3.500 funcionários da unidade, em greve desde a última quinta-feira, exigem PLR de R$ 12 mil, com pagamento em duas parcelas de R$ 6 mil. A empresa oferece uma parcela de R$ 4,6 mil e outra a ser negociada segundo os resultados alcançados até o fim do ano. O valor reivindicado é inferior ao que foi pago aos empregados da Volvo (R$ 15 mil) e igual ao da Renault, ambas na mesma região.

A Volks argumenta que o valor da PLR paga aos funcionários da fábrica de São José dos Pinhais no ano passado foi o maior do país. E alega que, no intervalo de quatro anos, o volume de produção das unidades de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e Taubaté, no interior do estado, cresceu 42%, contra apenas 3% na fábrica do Paraná.

Capacidade da fábrica está esgotada, diz sindicalista

Em resposta, o presidente do Sindicato de Curitiba e Região, Sérgio Butka, disse que a posição de Schmall vai acirrar ainda mais os ânimos dos trabalhadores em greve. Segundo Butka, a fábrica já superou sua capacidade de produção em 10%, mas mesmo assim a produtividade dos trabalhadores paranaenses é o dobro da dos paulistas, enquanto os salários estão 40% menores. Com a paralisação, a unidade está dei de 800 veículos por dia, entre os modelos Golf, Cross Fox e Fox.

— A capacidade da fábrica já foi superada. Eles precisam investir na expansão da planta — disse Butka, lembrando que a estratégia da Volks é enquadrar os funcionários paranaenses no mesmo nível salarial dos concorrentes em Camaçari (BA) e Gravataí (RS), abaixo de São Paulo e Paraná. — Eles (a Volks) têm de entender que o produto feito nessas regiões é diferente do que fazemos aqui e compete em outra faixa de preço.

Ontem, em uma nova rodada de negociações no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), não houve avanços. Butka negou que os trabalhadores não tenham aceitado negociar metas de produção para a unidade até o fim do ano. Segundo ele, todos os anos os valores definidos na PLR são estabelecidos de acordo com o volume produzido.

Volks faz oferta pela fabricante de caminhões MAN

Na Alemanha, a Volks anunciou uma oferta pela fabricante de caminhões MAN, de olho na fusão desta com a rival sueca Scania, na qual o grupo alemão detém participação. A Volks ofereceu aos acionistas da MAN C 95 pela ação ordinária (ON, com direito a voto) e C 60 pela preferencial (PN, sem voto) — abaixo do nível dos papéis há uma semana.

Essa oferta avalia a MAN em C 13,76 bilhões (cerca de US$ 20 bilhões). A Volks já tem 30% da  abricante de caminhões. ?¡

(*) Com agências internacionais