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Mercado prevê fim do aperto monetário nesta semana

Fernanda Bompan

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começa hoje sua terceira reunião para definir a taxa básica de juros (Selic). A decisão, que será anunciada na noite de amanhã, de aumentar a taxa em 0,5 ponto percentual é quase um consenso entre os economistas. Da mesma forma, eles acreditam que o aperto monetário para 2011 será encerrado nesta quarta-feira e que não estão descartadas a adoção de novas medidas macroprudenciais. Atualmente a taxa Selic está em 11,75% ao ano.

O operador da Um InvestimentosEduardo Oliveira afirma que a indicação do Banco Central é de que terá mais uma alta da Selic, para 12,25%, de modo a encerrar o ajuste monetário para este ano. “Para 2011, o BC praticamente largou a inflação. Aqueles analistas que previam que a próxima alta da Selic seria de 0,25 ponto percentual, desde a última ata do Copom revisaram para elevação de 0,5 ponto”, analisa.

Para o professor de Macroeconomia e coordenador dos cursos Master da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EESP), Rogério Mori, o Banco Central também irá elevar a Selic mais uma vez. “O ambiente inflacionário segue pressionado e as projeções de inflação continuam a subir, e tudo indica que em algum momento neste ano a inflação medida pelo IPCA, acumulada em 12 meses, superará os 6,5%. Nesse sentido, o BC vai aumentar 0,5 ponto a taxa de juros”, destaca.

Mori ressalta que o governo deve usar outros mecanismos para conter a alta da inflação. “Além da alta da Selic, o BC pode frear a expansão do crédito ou eventualmente elevar os compulsórios, que tende a ter impacto sobre a oferta de crédito e as taxas de juros na ponta do empréstimo”, explica o economista.

“O mercado vem tentando convencer o governo de que será necessário ter um aperto monetário maior do que ele imagina e tudo indica que o BC começa a se convencer. O aperto adicional pode vir via combinação de medidas macroprudenciais, redução de crédito, e via aumento dos juros”, apontam os economistas da Rosenberg e Associados, por meio de nota.

Oliveira acredita, porém, que a divulgação do IPCA-15 de março pode influenciar na decisão no Copom. “O indicador é uma boa prévia da inflação do mês passado. Se vier abaixo do esperado (0,77%) é possível que o BC observe que as medidas adotadas [para conter o crédito e, assim, o consumo] não foram tão fortes”, diz.

O operador da Um Investimentos ressalta ainda que este é um momento conturbado para a autoridade monetária, cujo mercado começa a questionar a credibilidade do BC. “O [ex-presidente do BC, Henrique] Meirelles deixou uma missão difícil para [Alexandre] Tombini, e até agora a atuação do Banco Central não foi na mesmo patamar do antecessor”, explica Oliveira.

Segundo os economistas da Rosenberg, a confirmação de que a escalada inflacionária pode furar o teto da meta mais cedo do que esperado, já em abril, coloca o Banco Central diante de um dilema. “Ou a autoridade monetária terá de insistir no cenário prometido há menos de um mês à presidente Dilma Rousseff, ao promover apenas mais uma alta de 0,5 ponto na reunião desta semana e correr o risco de ser desmentido em poucos meses, ou mudar a estratégia já com o desgaste de ter que se explicar à mais alta autoridade do País.” Já as centrais sindicais (CGTB, Força Sindical, CUT, CTB, Nova Central e UGT), com objetivo de pressionar o BC pelo não aumento da Selic, farão, às 11 horas de amanhã, uma manifestação em frente à sede do Banco Central em São Paulo.

“Além da sangria que a alta taxa de juros provoca nas contas públicas, a valorização do real causa estrago na indústria nacional e na balança econômica”, diz Antonio Neto, presidente da CGTB.

Focus

De fato, o mercado não está tão tranquilo com relação à trajetória da inflação neste ano. Segundo o boletim Focus divulgado ontem, a expectativa dos analistas consultados pelo BC é que a inflação suba, pela sexta vez, ao passar de 6,26% para 6,29%, de modo a aproximar a projeção do teto oficial de 6,5% delimitado para este ano. Na opinião de Eduardo Oliveira, as medidas macroprudenciais e os aumentos da Selic em 2011 terão maior reflexo na inflação do próximo ano. O Focus mostra que a previsão é de que o IPCA de 2012 termine em 5%, próximo a meta de 4,5%.

Para a Selic em 2011, a mediana das expectativas se mantêm em 12,25%, mas avançou de 11,50% para 11,75% em 2012.