Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Queda no emprego é reflexo da desaceleração da economia, diz Fiesp


Nível de emprego apresentou uma queda de 0,19% em março na comparação com fevereiro

Anne Warth, da Agência Estado

A queda de 0,19% do nível de emprego da indústria paulista em março na comparação com fevereiro demonstra que a indústria da transformação já está sentindo efeitos da desaceleração da economia. Para o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, o resultado já era esperado. “Não se trata de nenhuma tragédia e de nenhuma euforia. O fato é que o emprego e a atividade da indústria de transformação estão andando de lado”, afirmou.

De acordo com Francini, a indústria tem tido dificuldades para conviver com uma taxa de câmbio “agressiva”. “Nossa sensação é de que o desempenho da indústria não está brilhante e as circunstâncias adversas que nos atingem não devem mudar no curto prazo. A taxa de câmbio tem estimulado a entrada de importados no País, o que tem deixado a indústria da transformação nacional um tanto aguada.”

O nível de emprego apresentou um crescimento de 0,65% em março na comparação com fevereiro, sem ajuste sazonal, bem inferior aos 2,26% de março de 2010 e ao 1,24% de março de 2008, o que foi determinante para que fosse apurada uma redução no indicador calculado com ajuste sazonal, explicou Francini.

No mês passado, sem ajuste sazonal, a Fiesp contabilizou um saldo positivo de 16,5 mil postos de trabalho criados. A maior parte disso (58,6%) está relacionada à atividade das usinas de açúcar e álcool. Segundo a Fiesp, no total de 16,5 mil vagas, 9.676 mil foram contabilizadas nas usinas e o restante (6.824 mil), nos demais setores da indústria. Apesar do salto amplamente favorável ao setor sucroalcooleiro, Francini destacou que mesmo este segmento já apresentou resultados melhores em anos anteriores.

No acumulado dos três primeiros meses deste ano, o setor apresentou um crescimento de 14,1% na quantidade de postos criados. Em 2010, o resultado foi de crescimento de 26,6% no mesmo período; em 2008, 23,8%; e em 2007, 23,9%. “Nos últimos anos sempre tivemos crescimento no nível de emprego superior a 20% no setor. Neste ano a alta foi de 14,1%”, comparou. Segundo ele, isso se deve à expansão da área plantada da cana-de-açúcar, que neste ano foi de apenas 3% e nos anos anteriores superou os 10%. “Isso prejudicou a geração de empregos.”

A desaceleração da atividade industrial se refletiu também na menor quantidade de setores que apresentaram saldo positivo na criação de empregos. Em março deste ano, dos 22 setores os quais a Fiesp divide a indústria para fazer a pesquisa, 12 contrataram, 7 demitiram e 3 mantiveram o nível de emprego estável. Em março de 2010 nenhum setor registrou demissões, 2 apresentaram estabilidade e 20 contrataram. Francini lembrou que em março do ano passado os setores foram influenciados pelo período de isenções tributárias concedidas para aquecer a atividade econômica depois da crise.

Entre os setores, os melhores resultados de emprego foram apresentados pelas áreas relacionadas à indústria sucroalcooleira. O setor de fabricação de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis registrou alta de 5,7% no nível de emprego em março na comparação com fevereiro, o que significou a criação de 2.543 vagas. O setor de produtos alimentícios teve um crescimento de 2,7%, com a criação de 9.094 postos de trabalho. Também se destacaram setores de veículos automotores (2.227) e confecção de artigos de vestuário e acessórios (1.119). O destaque negativo foi a indústria de couro e calçados, que registrou queda de 1,6%, ou 1.035 demissões.

Nas regiões do Estado, os melhores resultados no nível de emprego foram verificados nas cidades de Araçatuba, com crescimento de 4,46%, Sertãozinho (2,91%) e Botucatu (2,85%), todas com grande presença de usinas. As regiões que mais demitiram no mês de março foram Santo André, com queda de 2,30% do nível de emprego, Diadema (-0,66%) e Mogi das Cruzes (-0,59%). Em Santo Andre a redução foi motivada por demissões na área de produtos químicos (-3,17%) e produtos de borracha e plástico (-2,67%). Em Diadema, o comportamento negativo foi influenciado por produtos de metal (-2,34%) e químicos (-1,91%). Em Mogi das Cruzes, as demissões ocorreram nos setores de produtos têxteis (-17,81%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,13%).