Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Crise americana já se alastra para outros setores

Fundos agressivos perdem investimentos. Indústria automobilística pede US$ 50 bilhões.

Marília Martins

NOVA YORK. A crise da economia americana vai durar pelo menos até o segundo semestre de 2009 e atingir mais setores. A avaliação é de John Lonsky, um dos principais analistas de mercado da agência de avaliação de risco Moody´s. Para ele, o ajuste no setor financeiro vai continuar e será doloroso: falências bancárias, demissões em massa, preços de energia e combustíveis em alta, pacotes de ajuda a outros setores já atingidos pela crise, como a indústria automobilística.

– A economia americana já está em recessão. A alta taxa de desemprego, que chegou a 6,1%, o déficit comercial de 5,7% e o déficit orçamentário recorde de US$ 483,4 bilhões não deixam dúvidas de que a economia está em recessão e que a recuperação será lenta. Até o fim do ano, vamos ter falências de bancos, contenção de crédito, redução do consumo. As vendas no atacado e no varejo vão diminuir. A indústria automobilística fará demissões em massa. E, até dezembro, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve anunciar mais um corte da taxa de juros – acredita Lonsky.

Na opinião do analista, o Fed ajudará apenas os bancos cujos balanços têm potencial de contágio de outras grandes instituições, agravando a crise: – O Federal Reserve e o Tesouro americano têm um critério bastante claro: a intervenção não é feita para salvar acionistas, mas para evitar o agravamento da crise.

A idéia é prevenir maiores danos à economia.

Ford: pacote para ajudar os ´colarinhos azuis´

A crise financeira no Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos americano, multiplicou as especulações em Wall Street sobre outras instituições em risco e outros setores atingidos. No acumulado de 2008, também a indústria de hedge funds (fundos de investimentos de risco) começa a apresentar balanços negativos. Segundo o Hedge Fund Research, a média de perdas em 2008 está em 4%, ainda que alguns raros tenham conseguido lucro. Para Adam Zoia, executivo da Glocap Investments, 2008 será o pior ano dos hedge funds: – Este ano tem sido um banho de sangue para os hedge funds. A queda é dramática, e as perdas são profundas. É o pior ano desde 2001.

O Hedge Fund Research também registrou queda de mais de 70% dos investimentos em hedge funds em 2008, sobre o mesmo período em 2007. E há uma lista de cem fundos com previsão de perdas entre 50% e 80% até o fim do ano.