Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Indústria deve sentir alívio ainda neste semestre

Preços das commodities vêm caindo aceleradamente

Marcelo Rehder

Mantida a tendência atual, as empresas do setor industrial deverão ter um alívio em seus custos já neste segundo semestre. Os preços das commodities já caíram 16% neste mês de setembro em relação à média registrada em junho – que foi o pico da alta, de acordo com o índice de preços calculado pelo Commodity Research Bureau (CRB).

“As commodities estão derretendo feito sorvete no deserto”, diz, bem-humorado, o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.

Pelas projeções do economista, no mês que vem os preços deverão estar cerca de 22% abaixo do pico de junho. De acordo com ele, os movimentos especulativos estão arrefecendo no mercado de commodities. “Até quem apostava na alta das commodities, os mais atentos, estão saindo desse mercado já convencidos de que os fundamentos econômicos vão se impor sobre os preços”, afirma.

Os fundamentos econômicos dizem que a demanda global por matérias-primas tende a apresentar agora um crescimento mais lento, principalmente por causa da desaceleração econômica dos principais mercados mundiais – Estados Unidos, Europa e Japão. Juntos, esses mercados respondem por aproximadamente 75% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Com esse esfriamento da demanda, já é possível vislumbrar, para os anos de 2009 e 2010, que os estoques mundiais de commodities voltariam a subir e, dessa forma, os preços cairiam em um ritmo mais acelerado.

Para o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, assessor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a reversão parcial dos custos, motivada pela queda das commodities que vem sendo registrada nos últimos dois meses, deve melhorar a situação da indústria.

“As empresas devem sentir uma menor pressão de custos e, portanto, um alívio em relação aos seus lucros”, disse o economista.

Na avaliação de Gomes de Almeida, o impacto inflacionário do choque de custos nas empresas já está contido. “Quem repassou o aumento de custo para os preços, repassou. Quem não conseguiu repassar, agora vai se beneficiar do refluxo do aumento das matérias-primas.”

CÂMBIO

As preocupações em relação às taxas de câmbio no mercado brasileiro também tendem a diminuir entre as empresas do setor industrial. O dólar, que na sexta-feira fechou com uma cotação de R$ 1,781 – e que na quinta-feira havia ultrapassado a barreira dos R$ 1,80 -, já zerou todas as perdas do ano e chega a apresentar até um leve ganho, de 0,34%, em relação ao real.

“Nunca tivemos prejuízo, mas nos últimos dois anos o lucro foi muito pequeno, por causa do dólar baixo”, observa Klaus von Heydebreck, consultor e ex-presidente da B. Grob, empresa fabricante de máquinas-ferramenta para a produção de motores de veículos.

Até o final do próximo ano, toda a produção da empresa já está vendida. “Como o dólar está reagindo, nossa margem também deve melhorar”, diz Heydebreck. Os preços dos produtos desse setor são cotados em dólar.