Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Dobra o número de estrangeiros que querem autorização para emprego no Brasil

Os estrangeiros invadem o mercado de trabalho brasileiro. Nos primeiros seis meses deste ano duplicou o número de profissionais que deixaram o país de origem para fazer carreira no Brasil. As estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que os pedidos de autorização de emprego passaram de 9,3 mil para 18,2 mil, comparados ao mesmo período de 2007.

Pernambuco é um dos pontos de parada dos expatriados. São russos, portugueses, italianos, suecos, franceses e espanhóis que se esforçam para falar português, com sotaque nordestino. Até junho, 107 gringos desembarcaram em solo pernambucano para ocupar funções técnicas, de gerência, de consultoria e até mesmo cargos executivos.

A mão-de-obra estrangeira cresce no país à medida em que faltam técnicos qualificados no mercado de trabalho. Mas há também pequenos investidores que vêm de férias para o Brasil, gostam da mistura sol e mar, arriscam abrir o próprio negócio e fincam raízes por aqui. O visto temporário para o estrangeiro trabalhar no Brasil é de dois anos e pode ser renovado por mais dois. Não existe legislação trabalhista que ampare os trabalhadores de outros países, mas a empresa que os contrata é responsável pela permanência e estabilidade desses profissionais.

A fábrica de massas Vitarella, por exemplo, deu entrada na Superintendência Regional do Trabalho com o pedido de autorização para a entrada do técnico italiano Roberto Franchini. Ele vem ao Recife instalar uma nova máquina adquirida pela empresa. “Optamos por trazer o técnico da Itália porque ele tem experiência e pode certificar o equipamento”, justifica Edilson Parmonian de Oliveira, gerente de engenharia da Vitarella. Franchini deverá desembarcar no início de outubro na capital pernambucana com visto de permanência para trabalhar por um ano na empresa.

Experiência profissional

“Esses profissionais devem comprovar especialidade técnica e experiência profissional para obter a autorização do Conselho Nacional de Imigração”, explica Mário César de Carvalho, superintendente Regional do Trabalho, em exercício. Segundo ele, o Governo federal estuda a adesão à Convenção 143 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), para regulamentar a presença dos expatriados no mercado de trabalho. Uma forma de garantir direitos trabalhistas, como o recolhimento à Previdência e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “A adesão gera reciprocidade e vai facilitar a situação dos brasileiros que trabalham lá fora”, argumenta Carvalho.

Para o professor da Faculdade Boa Viagem, Wellington Virgolino, não há porque ter preconceito com os estrangeiros no mercado de trabalho nacional. “Se não temos mão-de-obra não vamos deixar de construir ferrovias ou fabricar navios”, exemplifica. Ele comenta que os investimentos produtivos que se instalam em Pernambuco são de alta densidade tecnológica e exigem profissionais altamente qualificados. E lembra que o mesmo ocorreu na Bahia, com a instalação do Pólo Petroquímico de Camaçari e a fábrica da Ford.

O economista cita a teoria da migração para explicar a corrida de profissionais de outros países para o Brasil. “Se existe diferencial de salário e crescimento profissional as pessoas migram para determinadas regiões”, pontua. De acordo com Virgolino, para enfrentar o desafio e não deixar os trabalhadores pernambucanos de fora dessa onda positiva de emprego, é preciso correr contra o tempo e qualificar mão-de-obra. Um desafio difícil de ser superado quando se observa que 3 milhões de pernambucanos ainda são analfabetos. (Fonte: Correio Braziliense)