Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Renault vai criar terceiro turno

Marli Olmos

SÃO PAULO – A Renault vai instalar o terceiro turno de produção na fábrica de automóveis em São José dos Pinhais (PR) daqui a seis meses. Com vistas a atender ao crescimento do mercado interno, serão abertas mil vagas. Esta será a primeira vez que a subsidiária brasileira, inaugurada há 12 anos, vai operar com três turmas.

Com mais um turno de trabalho, o quadro de funcionários, que hoje soma cerca de 5 mil trabalhadores, vai aumentar 20%. Em um momento de escassez de mão de obra especializada, a direção da empresa demonstra ter pressa em começar a seleção de pessoal porque todos precisarão passar por uma fase de treinamento.

As contratações serão feitas em regime temporário, sistema que a indústria automobilística usa para se precaver de eventuais quedas de demanda. Em 2009, o grupo PSA Peugeot Citroen e a General Motors, por exemplo, tiveram que dispensar turnos inteiros por conta da crise no crédito.

O presidente da Renault do Brasil, Jean-Michel Jalinier, diz que a empresa se programa para aumentar as vendas em 20% em 2011, mais que o dobro do mercado, que deverá atingir expansão em torno de 8%, segundo ele.

Trabalhar ininterruptamente durante 24 horas por dia não é o ideal numa fábrica de veículos, segundo avaliação dos próprios dirigentes da Renault, em razão da necessidade de tempo para a manutenção das máquinas. A criação do terceiro turno, no entanto, é uma maneira de dar o primeiro passo para ampliar participação no mercado, de 4,8% hoje.

“Com o terceiro turno poderemos chegar a mil veículos por dia”, afirma o vice-presidente da Renault, Alain Tissier. Hoje, da fábrica de automóveis, no Paraná, sai uma média diária de 600 unidades. Na linha de veículos comerciais, compartilhada com a parceira Nissan, no mesmo complexo industrial, no Paraná, são produzidos mais 200 veículos por dia.

Trabalhar em três turnos também eleva a Renault à categoria das montadoras que acompanharam o intenso ritmo do mercado brasileiro. Até aqui a empresa estava fora de um cenário no qual os demais fabricantes se queixavam de trabalhar com gargalos. Não faz muito tempo que a empresa operava com um único turno.

Mas, antes de pensar em expansão industrial, a montadora tem planos de incrementar a produtividade das suas linhas de montagem. “Vamos fazer mais veículos na mesma fábrica”, afirma Jalinier. Hoje, a unidade trabalha com médias um pouco acima de 40 veículos por hora. O objetivo é alcançar pelo menos 45. As fábricas mais produtivas do mundo funcionam com médias em torno de 60 veículos por hora.

Apesar do aumento da demanda no mercado interno, a direção da montadora francesa se queixa dos custos de produção. Jalinier, um executivo francês que assumiu o comando da Renault do Brasil em maio de 2009, depois de dirigir a filial da montadora na Rússia, diz que a produção dos veículos no país está mais cara do que em outras fábricas da companhia no mundo. A exportação para o México já é quase inexpressiva, segundo o executivo.

O executivo destaca, por outro lado, que a montadora acredita que o vigor do mercado brasileiro de veículos deverá continuar se sustentando numa estabilidade econômica sólida. “Infelizmente, não pensamos da mesma forma em relação à Argentina”, afirma. Assim como a maioria dos fabricantes de veículos que produzem no Brasil, a Renault tem uma fábrica também na Argentina. É de lá que virá o Fluence, o automóvel sedã de luxo que começará a ser vendido em fevereiro. Com motor 2.0, o Fluence substituirá o Mégane e deverá concorrer com modelos como o Corolla, da Toyota, e o Civic, da Honda.

(Marli Olmos | Valor)