Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Projeto da Previdência terá votação final hoje na França

O Senado francês aprovou ontem o projeto de lei do presidente Nicolas Sarkozy, preparando o terreno para que a idade mínima para aposentadoria no país seja aumentada de 60 para 62. O projeto deve passar hoje pela votação final da Assembleia Nacional.

Os protestos contra o plano do governo tiveram um dia de menos alvoroço ontem, quando um quarto dos trabalhadores das refinarias de petróleo do país concordou em voltar ao trabalho. No entanto, está mantida a previsão de greve geral amanhã.

Os coletores de lixo também encerraram a paralisação de 14 dias na cidade de Maselha. A cidade ficou com 10 mil toneladas de lixo não recolhido, de acordo com o sindicato Force Ouvriere.

Uma série de greves e manifestações ao longo de sete semanas deixou o país em situação deficitária em relação ao fornecimento de combustíveis e alguns serviços públicos. Quase todas as barricadas nos 219 depósitos de combustíveis foram dissipadas.

A expectativa era de que cerca de 80% dos postos de gasolina deveriam ter retomado as atividades normalmente ontem, segundo o ministro da Energia, Jean-Louis Borloo.

“Saúdo o retorno do diálogo e da razão”, disse ontem a uma estação de rádio do país a ministra da Economia, Christine Legard. “A economia precisa funcionar e nós precisamos pôr um fim nestas interrupções.” A ministra disse que as greves não devem causar alterações nas previsões de crescimento para este ano.

Foram 177 votos a favor da reforma nas aposentadorias contra 151. Os protestos e greves custaram ao país algo entre US$ 280 milhões e US$ 560 milhões por dia, disse na última segunda-feira. As centrais sindicais continuam chamando a população para as greves e marchas marcadas para amanhã, antes da promulgação do projeto de lei, prevista para o próximo dia 15 de novembro.

Sindicatos divididos

Os prêmios sobre risco para os papéis franceses diminuíram. Os investidores têm exigido 37 pontos-base a mais para comprar títulos franceses de 10 anos em relação aos papéis alemães. No último dia 12 de outubro, a relação era de 41 pontos-base.

As nove refinarias de petróleo remanescentes no país estão em greve ou fechadas por falta de petróleo. Trabalhadores das seis refinarias Total SA devem fazer votação na próxima sexta-feira e decidir se permanecem em greve. Os sindicatos estão divididos a respeito do que fazer caso o Parlamento aprove definitivamente a reforma.

Francois Chereque, secretário-geral do sindicato CFTD e Laurence Parisot, líder do sindicato patronal Medef concordaram em um debate na televisão francesa na última segunda-feira que caso a reforma nas aposentadorias se torne lei, sindicatos e empresas terão que focar em como criar mais empregos para os jovens entrarem no mercado de trabalho e também para pessoas mais perto de se aposentar.

Outros sindicatos votaram pela continuidade da greve.

“O voto a favor desta lei não vai esgotar nossa determinação”, disse na última segunda-feira o líder do sindicato Force Ouvriere, Jean-Claude Mailly, em entrevista à rádio francesa Europe 1. Os “poucos exemplos” de pessoas que retornaram ao trabalho “não demonstra que os protestos estão arrefecendo”, disse.

Apoio popular

Uma pesquisa do instituto francês Ifop para o jornal Ouest-France Dimanche mostrou que 63% dos entrevistados apoiaram a chamada de greves para amanhã. Por outro lado, 71% apoiaram a greve anterior, em 12 de outubro.

A pesquisa também revelou que 59% dos franceses acha inaceitável que os grevistas bloqueiem depósitos de combustíveis ou estradas.

A pesquisa foi realizada entre os últimos dias 21 e 22 de outubro com 956 participantes.

O governo afirma que as mudanças na legislação das aposentadorias são necessárias para ajudar a França a lidar com o envelhecimento da população e equilibrar o orçamento do sistema previdenciário do país até 2018.

A revisão é parte dos esforços do governo para cortar o déficit orçamentário do país. Este ano, a diferença vai ficar em 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB), e os ministros do governo Sarkozy têm como meta reduzir esta diferença para 6%, de 92 bilhões de euros, para o próximo ano.

“As greves desta semana não vão mudar em nada as decisões sobre a lei”, disse ontem pela manhã o ministro do Trabalho, Eric Woerth, em um programa da rádio francesa France Info. “Numa democracia parlamentar, deve haver respeito pelas instituições. Devem haver centenas de horas de debates”, completou.

O projeto de lei que eleva a idade mínima de aposentadoria na França terá votação final hoje na Assembleia Nacional.

PanoramaBrasil