O Estado de SP
Marcelo Rehder e Naiana Oscar
Montadoras chamam para reunião sindicato dos trabalhadores que já rejeitaram oferta de 7% de aumento salarial
Sob a ameaça de greve nas fábricas, as montadoras decidiram ontem reabrir as negociações com representes dos metalúrgicos para discutir o índice de reajuste salarial da categoria. O Sindicato Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Sinfavea) chamou os sindicalistas para uma reunião hoje, às 14 horas, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Os metalúrgicos de montadoras estão em estado de greve desde sábado, por decisão de assembleia da categoria, que rejeitou a proposta das empresas de 7% de reajuste salarial. Os trabalhadores deram prazo de 48 horas, a partir das 13h de segunda-feira, para que a bancada patronal avançasse na proposta. Caso contrário, entrariam em greve por tempo indeterminado.
As negociações envolvem 50 mil metalúrgicos do ABC e de Taubaté, bases da Central Única dos Trabalhadores (CUT), de Tatuí (Força Sindical) e de São Carlos, onde o sindicato é ligado à Central Geral dos Trabalhadores Brasileiros (CGTB).
Em anos anteriores, as negociações com as montadoras eram sempre as primeiras a chegar a acordos favoráveis aos trabalhadores e passavam a servir de base para as negociações nos outras ramos da indústria metalúrgica. Não foi assim este ano.
A maioria dos metalúrgicos da CUT no Estado já conquistou reajuste de 9%, que representa aumento de 4,52% além da inflação, em acordos com três das cinco bancadas patronais. Os acordos beneficiam cerca de 195 mil metalúrgicos de setores como autopeças, forjaria e parafusos, fundição, máquinas e eletrônicos, trefilação e laminação de metais ferrosos, entre outros.
Na terça-feira, foi a vez dos cerca de 20 mil metalúrgicos das fábricas da General Motors do Brasil (GM) em São José dos Campos, no interior paulista, e em São Caetano do Sul, no ABC, conquistarem reajuste de 9%. Na reunião de hoje, os sindicalistas devem reivindicar um índice maior para reajustar os salários nas demais montadoras.
Bancários. Para pressionar os bancos à véspera de mais uma rodada de negociações, o Sindicato dos Bancários de São Paulo e Barueri realizou assembleia ontem em frente a agências e sedes administrativas das empresas. A manifestação, do lado de fora dos prédios, atrasou em cerca de uma hora e meia o início do expediente, mas não chegou a prejudicar o atendimento ao público. Segundo sindicalistas, cerca de 11 mil trabalhadores participaram das manifestações.
Os bancários reivindicam aumento real de 5%, participação nos lucros e resultados de três salários mais R$ 4 mil, além de aumento do piso para R$ 2.157,88 e plano de carreira. Nos dois primeiros encontros, entre sindicato e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), foram discutidas condições de trabalho, saúde e terceirização. “Como não tivemos resultados positivos até agora, decidimos nos manifestar antes da próxima rodada para deixar os bancos em alerta”, disse Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. “Não vamos sair dessa campanha sem valorização salarial e melhores condições de trabalho.” A terceira rodada começa hoje e segue amanhã.
Também em protesto contra a falta de reajuste salarial, os funcionários da Fundação Procon-SP fizeram ontem uma paralisação e prometem greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira. Não houve atendimento nos três postos da capital. No interior, o serviço não foi comprometido porque é de responsabilidade dos municípios.
A Fundação, vinculada à Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania no Estado de São Paulo, tem 500 funcionários no Estado. “Estamos sem aumento real há 13 anos e desde 2005 aguardamos um plano de carreiras que foi engavetado”, diz Luiz Marcelo Prestes, presidente da associação que representa os funcionários do Procon-SP. Entre hoje e sexta-feira, os postos devem funcionar, mas em ritmo lento de operação-padrão.
Os funcionários das franquias da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) decidiram ontem durante protesto no Centro de São Paulo entrar em “estado de greve”, por causa da regularização das unidades franqueadas. “Queremos um acordo para evitar a demissão em massa”, disse Guilherme Simão, presidente do sindicato da categoria. Os trabalhadores aguardavam o resultado da assembleia dos funcionários dos Correios, prevista para ontem à noite, para decidir se vão paralisar as atividades.
Fonte: O Estado de S. Paulo