30/08/2010 20h14
Médicos atenderão à noite e aos fins de semana para acabar com a fila de 400 mil consultas atrasadas. Cadastro de temporários começa hoje
Juca Guimarães
Diário de São Paulo
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pretende iniciar hoje o cadastramento de peritos temporários que irão substituir os médicos em greve desde o dia 22 de junho.
Segundo o ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, existem cerca de 400 perícias atrasadas no país. Com a contratação dos peritos tampões, Gabas pretende regularizar o atendimento em 30 dias. Atualmente, a espera pela consulta chega a 90 dias. A meta é de, no máximo, 15 dias.
Os temporários, segundo o presidente do INSS, Valdir Moysés Simão, vão receber por consulta e poderão trabalhar aos finais de semana ou à noite, de acordo com a necessidade de cada posto. A jornada será de 18 exames por dia, que poderão ser feitas no posto do INSS ou no consultório do médico.
“Preferencialmente, as perícias médicas serão marcadas para o posto porque é o endereço que o segurado já conhece”, diz o presidente do INSS.
Para colocar em dia as 400 mil perícias atrasadas, a Previdência Social teria que contratar 740 peritos temporários por 30 dias. Atualmente, são 5.200 peritos sendo que 1.040 deles estão em greve.
“A contratação de temporários não é a solução que eu queria porque sempre defendi o concurso público e a valorização da carreira, porém, a associação de peritos forçou uma situação de impasse que prejudica muito os segurados”, diz o ministro Gabas.
Ontem, após uma reunião com o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Cid Carvalhaes, o ministro Gabas anunciou que a terceirização será mantida até a regularização do tempo de espera para a perícia médica.
“Vamos contratar quantos médicos forem necessários e o mais rápido possível. Ainda esta semana, teremos o início da operação. As gerências regionais farão a gestão da necessidade de temporários e a análise dos currículos”, disse.
Na cidade de São Paulo, a adesão à greve é maior do que no resto do país. Segundo o INSS, cerca de 25% dos médicos participam do protesto.
Além da greve, os médicos fazem, desde outubro do ano passado, a operação padrão pela diminuição da agenda de atendimentos sem a redução do salário, de até R$ 14 mil.
Durante a operação padrão, os peritos atendem apenas 12 das 18 perícias agendadas pelos segurados. Os demais, voltam para casa sem fazer o exame.
O ajudante de pedreiro Neilton Dias, 25 anos, esperou 55 dias pela perícias marcada para ontem. Por conta da operação padrão e da greve, o exame foi remarcado para o dia 8 de outubro, daqui a 40 dias. “Se não fosse o salário da minha mulher, teríamos dificuldades até para comprar as fraldas do meu filho de 2 anos”, diz.
Médicos vão manter a paralisação
A Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP) informa que vai manter a greve por tempo indeterminado. A entidade vai tentar suspender na Justiça a contratação de temporários. O INSS e a ANMP estão negociando uma nova rodada de negociação para discutir o fim da greve.
650 mil
É a média de perícias por mês no país. Com a greve, caiu para 550 mil
Sistema que faz agenda vai mudar
Até o final do ano, deve ser implantado um novo sistema de marcação de perícias. As agendas serão feitas por posto e não mais por médico, como é hoje.
12
é o total de perícias que os peritos querem fazer por dia
18
é o número que o INSS agenda
14%
É o quanto deve aumentar o número de peritos com a contratação de temporários