Fernando Taquari, de São Paulo – Valor Econômico
O nível de emprego na indústria paulista de transformação deve registrar um crescimento de 6% em 2010. Para atingir esse patamar, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estima que o setor precisará criar até o final de 2010 um pouco mais de 50 mil vagas. Esse montante, avalia a entidade, será suficiente para compensar os cerca de 50 mil postos de trabalho que serão perdidos nos últimos meses do ano pelo segmento de açúcar e álcool devido à sazonalidade.
No mês passado, o emprego na indústria teve um avanço de 0,50% na série sem ajuste sazonal, o que representou a geração de 12.500 vagas. Com ajuste, o aumento foi de 0,40%. Trata-se do melhor resultado para os meses de julho desde 2005. Já no acumulado do ano, a expansão é de 7,15%, com 167.500 postos de trabalho criados. Deste total, 48.022 foram gerados pelo segmento de açúcar e álcool.
“É um ano que podemos comemorar a recuperação e a criação de empregos na indústria de São Paulo”, disse o diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp, Paulo Francini, ressaltando que o desempenho no acumulado de 2010 teve a maior variação positiva na comparação com anos anteriores.
O maior fôlego neste ano, contudo, se deve à base baixa de comparação, já que o setor amargava em 2009 os efeitos negativos da crise financeira mundial.
Apesar da euforia, Francini observou que o emprego na indústria paulista ainda está cerca de 3% abaixo do nível registrado no período pré-crise. Segundo ele, o mais provável é que a recuperação só irá ocorrer no primeiro trimestre de 2011.
“Mesmo com os sinais positivos para o emprego nos próximos meses, dificilmente a indústria vai conseguir atingir em 2010 o resultado do pré-crise”. Além disso, o diretor da Fiesp também descarta a ideia de que haja no setor uma tendência de desaceleração.
“O refluxo no segundo semestre é fruto da exuberância do primeiro semestre. Houve uma antecipação das compras por causa das reduções tributárias para automóveis e linha branca. Ou seja, o que foi antecipado não é realizado. Então, a ressaca passou e estamos agora num ponto de equilíbrio”, argumentou.
Dos 22 setores pesquisados no mês de julho, 17 realizaram mais contratações, enquanto cinco demitiram. O maior destaque em termos proporcionais ficou por conta do segmento de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, com alta de 1,9%.
Em seguida aparece produtos diversos, com aumento de 1,8%. Na outra ponta, estão máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com queda de 1,3%, e fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e de bicombustíveis, com recuo de 0,8%.
Em valores absolutos, no entanto, o principal motor do emprego na indústria no mês passado foi o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias, que respondeu pela criação de 2.503 postos de trabalho.