Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Walmart muda tática com sindicatos

Jonathan Birchall, Financial Times, de Nova York

O Walmart vai utilizar só trabalhadores de construção civil sindicalizados em Chicago, num esforço para superar a oposição política que repetidamente impediu seus planos de expansão na cidade.

A maior varejista do mundo anunciou ter assinado um contrato de trabalho com o Chicago & Cook County Building Trades Council, que a obriga a empregar membros do sindicato em projetos futuros, numa ruptura com a tradicional postura anti-sindical da empresa.

A decisão faz parte de uma série de medidas anunciadas pelo Walmart para conquistar apoio, antes da reunião de uma comissão de zoneamento da cidade de Chicago que acontecerá amanhã e deverá considerar um pedido de autorização para a construção um supermercado em Pullman, na região sul da cidade. 

Na segunda-feira, a companhia disse alimentar esperanças de poder abrir “várias dezenas pontos de venda de diferentes tamanhos e formatos” em Chicago nos próximos cinco anos, como parte do que, segundo o Walmart, trata-se de uma iniciativa de longo prazo denominada Chicago Community Investment Partnership. 

O plano deverá incluir a abertura de supermercados em “desertos alimentares”, áreas urbanas pobres praticamente abandonadas por cadeias de supermercados.

O Walmart anunciou que a empresa e sua fundação destinarão US$ 20 milhões nos próximos cinco anos para financiar entidades que atuam na cidade no combate à fome, redução da violência juvenil e outros objetivos.

A varejista informou que vai criar 12 mil empregos na construção civil e no varejo e que deverá recolher mais de US$ 500 milhões em impostos locais. A companhia disse também que vai pagar “salários competitivos”. Reportagens na imprensa local dizem que o Walmart comprometeu-se a pagar um salário inicial de US$ 8,75 por hora – ou 50 centavos de dólar acima do salário mínimo no Estado.

O Walmart tem apenas uma loja em Chicago e tentativas de obter aprovação para mais pontos de venda foram bloqueadas por membros pró-sindicato com assento no conselho da cidade. A concorrente Target tem oito lojas em Chicago.

O sindicato UFCW de trabalhadores em supermercados encara os supermercados Supercenter, do Walmart, como uma ameaça ao salário superior e benefícios de seguro-saúde pagos pelo varejo tradicional sindicalizado na cidade.

Em 2006, o Conselho aprovou uma lei de salário “custo de vida” a ser praticado em lojas de grande formato que foi vetada por Richard Daley, prefeito da cidade, que apoia os planos do Walmart na cidade. Como parte de sua atual campanha em Chicago, o Walmart tem mantido conversações com representantes sindicais.

Se as suas propostas para o avanço de Chicago prosperarem, abriria um precedente para o avanço em outros locais, incluindo Nova York e Los Angeles, onde a varejista tem enfrentado oposição similar.

Eduardo Castro-Wright, diretor do Walmart nos EUA, disse que as áreas urbanas são uma oportunidade de crescimento para o Walmart, que vem respondendo com formatos menores, como a bandeira Marketside.