Empresas terão dificuldade em preencher 320 mil vagas, diz instituto
Marcelo Rehder
Quatro setores da atividade econômica, como comércio e construção civil, deverão ter dificuldades para encontrar mão de obra qualificada para preencher mais de 320 mil postos de trabalho este ano em todo o País. A estimativa é de um estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A escassez desse tipo de profissional deverá provocar déficit de 187,5 mil trabalhadores nos setores de comércio e de serviços de reparação, enquanto no de educação, saúde e serviços sociais faltarão 50 mil trabalhadores.
Nos hotéis e restaurantes (alojamento e alimentação) e na construção civil, o problema será um pouco menor, com déficit estimado de, respectivamente, 45 mil e 38 mil profissionais.
Segundo o Ipea, a maior dificuldade deverá se concentrar em Estados das Regiões Sul e Sudeste, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro. A indústria deve ter um excedente de 145 mil trabalhadores qualificados no País, seguida pelo setor agrícola (122 mil).
Apesar da escassez localizada em alguns segmentos e Estados, deverá sobrar mão de obra especializada e com experiência no País como um todo. Segundo o Ipea, deverá haver excedente de 653 mil trabalhadores qualificados e experientes que não encontrarão emprego.
“A mão de obra não será um constrangimento para o crescimento do País este ano, embora em alguns setores e Estados vamos ter problemas”, afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.
A escassez de mão de obra qualificada é considerada um “problema bom” por Pochmann. “Isso não acontece desde o milagre econômico dos anos 1970”, lembra. O desafio para o setor público e privado, diz, é antecipar as mudanças no perfil do mercado de trabalho a fim de “casar oferta e demanda de mão de obra no tempo e lugares certos”.
“O Brasil precisa rever o seu sistema publico de emprego, permitindo que aqueles que disputam o mercado de trabalho tenham melhores condições de ocupar os postos existentes”, disse o economista. De acordo com o Ipea, o Brasil deverá abrir 2 milhões de postos de trabalho este ano, na esteira de um crescimento de 5,5% previsto para a economia no período.