Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Acordos dos metalúrgicos de Curitiba e região injetam R$ 200 mi na economia, informa Dieese

Valor é resultado das negociações de 2009 com montadoras Renault, Volks e Volvo, além de indústrias de autopeças, máquinas e metalurgia

Os acordos salariais assinados pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) em 2009 injetam, ao longo deste ano, R$ 200,2 milhões na economia do Paraná.

A informação faz parte de balanço realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) e apresentado nesta terça-feira (9).

O estudo analisa os dois tipos de acordo salarial assinados entre capital e trabalho no Brasil, que são a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), celebrada entre sindicatos de trabalhadores e sindicatos patronais, e o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), assinado diretamente pelos sindicatos laborais com as empresas.

Em 2009, o SMC assinou duas convenções coletivas, com as entidades patronais que representam os setores de metalurgia e de máquinas, e 125 acordos coletivos de trabalho – três com montadoras (Renault, Volkswagen e Volvo), 18 com autopeças e 104 com empresas de metalurgia e máquinas.

As datas-base ocorreram em setembro, outubro e dezembro, respectivamente. Em todos os acordos coletivos, os trabalhadores tiveram reposição de 100% da inflação, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), aumentos reais de 3,7% a 6,5% e abonos salariais de até R$ 2,8 mil. Ao todo, os ACTs contemplaram 36,1 mil metalúrgicos e as convenções, 19,9 mil, totalizando 56 mil trabalhadores.

Esses reajustes salariais injetam na economia um total de R$ 137,6 milhões, no período de um ano. Mensalmente, são R$ 10,3 milhões. Já os abonos salariais, pagos entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, já injetaram R$ 62,3 milhões na economia. Ao todo, são R$ 200,2 milhões injetados pelas mãos dos metalúrgicos da RMC.

Impacto por setor

Considerando as categorias em separado, os 10,8 mil metalúrgicos das montadoras são responsáveis pela injeção de R$ 71,8 milhões, os quatro mil de autopeças, por R$ 18,5 milhões, e os 41,2 mil trabalhadores de metalurgia e máquinas respondem pela injeção de R$ 109,9 milhões.

Tendência: acordos por empresa

“Há cerca de 10 anos, criamos um hábito de negociar acordos por empresa. Essa estratégia vem trazendo resultados bastante positivos, pois ano a ano conquistamos acordos com avanços maiores que os da Convenção Coletiva de Trabalho”, afirma o presidente do SMC, Sérgio Butka.

Mobilização x crise

Para o economista do Dieese, Sandro Silva, a força da categoria para lutar por um reajuste mais digno derrotou a crise. “Os metalúrgicos da Grande Curitiba venceram a barreira da recessão mundial e continuaram com sua tendência de avanço nos acordos, com aumento real, abono e outros benefícios. O valor injetado na economia é significativo, gera um círculo virtuoso e beneficia milhões de pessoas”, afirma.

Os números endossam a leitura do economista. Em comparação ao histórico dos últimos 10 anos, o aumento real de 3,7% conquistado em 2009 na convenção de metalurgia e máquinas é inferior apenas ao de 2004, que ficou em 4%. Em relação aos outros setores econômicos da economia brasileira, o patamar alcançado no ano passado também foi consideravelmente maior. “Estamos fechando o balanço anual de todas as categorias do País, e os aumentos reais no segundo semestre de 2009 estão na faixa de 1% a 2%. No primeiro semestre, a maioria dos aumentos reais não passa de 1%”, avalia Sandro Silva.

O secretário-geral do Sindicato, Jamil Dávila, atribui os avanços à estratégia traçada no início do ano passado pela diretoria da entidade, que decidiu fazer resistência ao “terrorismo” que as grandes empresas tentaram impor, visando obter ganhos usando o discurso da crise econômica.

“Dissemos não às demissões e à redução de jornada com redução salarial e buscamos saídas alternativas, como o layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) adotado com sucesso na Renault e salvando o emprego de mais de 800 trabalhadores”, avalia.

Dávila acrescenta que os trabalhadores do PR se recusaram a aceitar o patamar de 2% de aumento real estabelecido pelas negociações dos metalúrgicos do ABC, em São Paulo (que também têm data-base em setembro), foram para a luta e alcançaram os 3,7%.

Greves

Os metalúrgicos das montadoras entraram em greve para conquistar os acordos: na Volks, a paralisação durou 21 dias. Na Renault, 14 e na Volvo, um. Em autopeças, metalurgia e máquinas, foram mais de 50 greves e paralisações.

Por Confraria da Notícia – Assessoria de Comunicação
Guilherme Ochika (SMC) e Gláucio Dias
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