Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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70 dias de trabalho em imposto

Cada morador da capital paulista já desembolsou R$ 510,96 para o governo em 2009

LUCIELE VELLUTO, luciele.velluto@grupoestado.com.br

Dois meses e dez dias após o início do ano, cada morador da cidade de São Paulo já pagou R$ 510,96 em impostos. Os dados são do Impostômetro, ferramenta da Associação Comercial de São Paulo em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) que mede a carga tributária nacional.

Das dez maiores cidades em número de habitantes, quatro já passaram do valor de um salário mínimo (R$ 465) – além de São Paulo, estão nesse grupo Santo André, São Bernardo do Campo e Santos. Mais duas devem passar desse patamar ainda esta semana – Campinas e São José dos Campos. No entanto, por carga tributária recolhida por habitante, a cidade de Paulínia tem o valor mais alto, com R$ 3.953,33, justificados pelos impostos pagos pelo setor petroquímico instalado no município (veja a tabela).

Para o diretor técnico do IBPT João Eloi Olenike, o consumo forte no final de 2008 e nas férias, além dos impostos de início de ano, ainda pesam nessa conta. “A crise ainda não chegou na arrecadação tributária”, comenta.

Na segunda-feira, a arrecadação total chegou aos R$ 200 bilhões, marca atingida quatro dias antes do que no ano passado. No entanto, na comparação 2008 com 2007, o patamar foi atingido com dez dias de antecedência. “Isso mostra uma desaceleração do recolhimento de impostos e tributos”, afirma o presidente do IBPT Gilberto Luiz do Amaral.

A expectativa é que quando a carga tributária atingir R$ 300 bilhões em arrecadação não haja mais diferença no calendário. “Temos queda de produção, alta do desemprego, redução do consumo e desoneração em alguns setores, que irão influenciar nas contas do governo”, diz Amaral.

Para o professor de gestão tributária da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Mauro Gallo, o maior risco da queda da arrecadação é o corte nos investimentos público. “Se houver queda na arrecadação não há onde cortar e os investimentos podem vir a sofrer uma redução para equilibrar contas”, explica.