1º de Maio:
“O Dia Internacional dos Trabalhadores tem origem no século 19 nas lutas operárias dos Estados Unidos para reduzir a abusiva jornada de trabalho de quinze horas por dia: com greves desde 1827, redução da jornada para funcionários públicos em 1840 e greve nacional em 1º de Maio de 1886.
Nesta greve, com paralisação de cinco mil fábricas, cerca de 340 mil operários foram às ruas exigir a redução da jornada. As empresas cederam e até o final de 1886 em torno de 1 milhão de trabalhadores conquistaram a jornada de oito horas.
Os grevistas, porém, foram reprimidos pelo Exército e por milícias armadas. Em Chicago, a greve, iniciada em 1º de Maio, prosseguiu nos dias seguintes. Em 4 de maio, durante um protesto dos grevistas, uma bomba explodiu, matou um policial e o conflito culminou com a morte de 38 operários e 115 feridos.
O governo dos EUA decretou estado de sítio em Chicago, com toque de recolher, ocupação militar de bairros operários, fechamento de sindicatos, prisão de líderes grevistas, tortura nos interrogatórios e condenação de oito líderes do movimento (“Os Oito Mártires de Chicago”): quatro foram enforcados na cadeia e um morreu na cela. Em protesto e luto, as casas proletárias exibiram flores vermelhas.
A morte destes heróis operários, contudo, não foi em vão. Em 1º de Maio de 1890, o Congresso dos EUA regulamenta a jornada de oito horas diárias e, em 1891, a Segunda Internacional dos Trabalhadores, com organizações operárias e socialistas do mundo todo, decide em congresso realizado em Bruxelas que “no dia 1º de Maio haverá demonstração única para os trabalhadores de todos os países, com caráter de afirmação de luta de classes e de reivindicação das oito horas de trabalho”.
1º de Maio no Brasil – Os trabalhadores brasileiros se inseriram nesta solidariedade internacional e também adotaram o 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, como um marco para celebrar a união dos operários do mundo todo contra a exploração capitalista e as desigualdades sociais.
As primeiras comemorações surgiram em Santos em 1895 e em 1898, com manifestações também em São Paulo, Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto, tornou-se feriado em 1925 e foi uma data altamente significativa em 1º de maio de 1943 com a criação da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho).
Vale destacar que neste período tivemos a primeira greve geral no País, a de 1917, ocorrida em São Paulo, que reivindicava entre vários itens o direito de sindicalização e a jornada de oito horas. De lá pra cá, avançamos muito no Brasil, com o movimento sindical organizado se fortalecendo e conquistando melhorias nas relações e ambientes de trabalho para toda a sociedade brasileira.
Nada cai do céu. Depois de muita luta, conquistamos a jornada de trabalho para 44 horas semanais na Constituição Federal de 1988 e, passados 30 anos, continuamos reivindicando a jornada de 40 horas semanais, para gerar mais empregos e melhor qualidade de vida para a classe trabalhadora e para a sociedade brasileira em geral.
Infelizmente, com a recente quebra da ordem democrática no Brasil e a posse de um governo anti-popular, reformas foram aprovadas para impor uma legislação trabalhista que representa um retrocesso de, pelo menos, 100 anos. Com este governo e um Congresso extremamente conservador, a elite egoísta e gananciosa tenta enfraquecer as estruturas sindicais para evitar que as nossas reivindicações sociais, populares, trabalhistas e econômicas avancem.
Dentro deste contexto, é que celebramos o 1º de maio de 2018. São momentos merecidos de festa e de lazer para a classe trabalhadora. Mas também de reflexão e protesto contra a crise, o desemprego, os ataques aos direitos trabalhistas, a perseguição aos movimentos sociais e sindicais e a falta de vontade e de medidas políticas que coloquem o País novamente nos rumos do desenvolvimento.
Salve os heróis proletários de todos os tempos!
Viva as trabalhadoras e os trabalhadores de todo o Brasil e do mundo todo, na resistência contra a exploração! A luta faz lei!”
Miguel Torres
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo/Mogi das Cruzes e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), vice-presidente da Força Sindical e líder do movimento Brasil Metalúrgico
Fontes de pesquisa: “A origem e o significado do 1º de Maio”, de Altamiro Borges e “História Moderna e Contemporânea”, de Carlos Guilherme Mota