Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Metalúrgicos da Grande Curitiba/PR

11º DIA DE GREVE NA RENAULT: CARTA ABERTA DENUNCIA FALTA DE DIÁLOGO DA EMPRESA

 

Com a greve na Renault chegando hoje ao 11º dia de greve, os metalúrgicos da Grande Curitiba lançaram uma carta aberta para denunciar a postura intransigente da nova diretoria da empresa que demitiu 474 trabalhadores no último dia 21 de julho visando forçar os demais trabalhadores a aceitarem um pacote de redução salarial e de benefícios sem prazo definido (a íntegra carta está abaixo). Para tentar reverter as demissões, os trabalhadores entraram em greve no dia 22 de julho, situação que permanece até hoje.

“Na carta, fazemos um histórico para mostrar para a sociedade paranaense no que se tornou a empresa a Renault e como isso tem prejudicado os negócios da empresa e a relação com os trabalhadores. É uma empresa que recebe incentivos fiscais com compromisso de manter empregos e não o faz. Isso evidencia a nova forma como a Renault vem agindo: sem diálogo e negociação”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka.

Confira a íntegra da carta:

PORQUE NÃO ACREDITAMOS MAIS NA RENAULT!

Carta aberta à População paranaense,

Vimos a público para esclarecer a todos os paranaenses que a greve dos trabalhadores e trabalhadoras da Renault do Brasil, que começou no último dia 22 de julho de 2020, é única e exclusivamente culpa da nova diretoria que recentemente assumiu a empresa. A vinda da Renault para o Paraná, nos anos 90, foi muito bem recebida por todos nós, paranaenses. Inclusive, uma vinda financiada com nossos impostos e patrimônio através da doação e preparação de toda a infraestrutura para a instalação da fábrica em São José dos Pinhais e da concessão e manutenção até hoje de bilionários incentivos fiscais e demais benefícios tributários. Pois bem, concordamos que todos esses benefícios fossem concedidos pois isso significava empregos e desenvolvimento para o estado.

Desde o início do funcionamento da fábrica, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba procurou estabelecer uma relação construtiva junto à diretoria da empresa visando garantir o bem-estar dos trabalhadores e o fortalecimento da empresa no competitivo mercado brasileiro. Foram inúmeras campanhas salariais, de participação nos lucros e por melhores condições de trabalho lideradas pelo Sindicato junto à empresa, assim também como campanhas para a vinda de novos produtos e ampliação e modernização da fábrica como também para vencer as crises pelo qual o mundo passava. As dificuldades das negociações, sempre que surgiam, foram superadas de maneira sensata por ambas as partes, criando uma relação sadia entre o capital e trabalho, trazendo melhorias para os trabalhadores e favorecendo a competitividade da Renault no mercado. A estratégia deu tão certo que a empresa passou a ocupar os primeiros lugares no Brasil tanto no ranking de produção e vendas como no de melhores empresas para se trabalhar.

Infelizmente, essa relação foi quebrada. Com posturas radicais e fechada ao diálogo a empresa tenta impor suas propostas sem debate, sem discussão, sem aceitar contraproposta. Com essa postura quebrou um ciclo de confiança e respeito construído ao longo de 20 anos entre os trabalhadores e a empresa. Como confiar em quem no meio de uma negociação, demite 747 pais e mães de família de uma vez só, quase metade com doenças como o Covid-19 e outras enfermidades, com atestado e em tratamento médico, tudo com o claro objetivo de obrigar os demais trabalhadores a aceitarem um pacote extremante excludente de direitos e que inclui ainda a demissão de mais 1.050 trabalhadores, a redução de salários e outros beneficios? Como acreditar em quem recebe milhões dos cofres públicos em forma de incentivos fiscais e demais benefícios tributários com o único compromisso de manter empregos e não o faz? Que prefere deixar a fábrica parada e com prejuízo por se recusar a sentar para buscar uma solução conjunta que possa manter os empregos e garantir um ambiente tranquilo e produtivo de trabalho para seus trabalhadores? Que quer voltar a métodos do século 19 na relação capital x trabalho?

Enfim, não dá para confiar em uma empresa como essa. É por isso que os trabalhadores estão em greve. Se cedermos hoje, amanhã, eles podem querer continuar com seu pacote de maldades. É por isso que não acreditamos mais na Renault.

METALÚRGICOS DA GRANDE CURITIBA

Fonte para entrevista:

Sérgio Butka (presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba: (41) 9. 9211-6353

Atendimento da Imprensa:

Jornalista Nilton de Oliveira (DRT 115113\PR): (41) 9.8453-4735