Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

CNTM

O valor dá-se a quem tem

João Guilherme*

Duas questões devem nos preocupar. A primeira delas é a compreensão correta sobre a jornada de luta do dia 11, seu alcance, sua importância, seu significado. A outra é, baseada na primeira, a consequência que devemos dar às nossas ações, que rumo tomar.

Ainda estão sendo preparados pelas centrais os balanços definitivos da jornada, onde se destacarão descritivamente os pontos fortes e os pontos fracos.

Como pontos fortes assinalo a divulgação e o fortalecimento da nossa pauta unitária- agora “apropriada” por milhões- e o caráter nacional da manifestação em toda a sua diversidade.

Como pontos fracos destaco os erros ocorridos no setor de transporte público em São Paulo, as convocações renumeradas de manifestantes (espertamente exageradas pela mídia) e as orientações divisionistas que, infelizmente, contaminaram alguns partidos e dirigentes.

Os jornalões não titubearam em menosprezar o dia 11, o que pode ser visto em seus editoriais, como o do Valor (dia 12): centrais sindicais realizam um morno “dia de lutas”; da Folha (dia 13): sindicalismo vencido; do Estadão (dia 13): a irrelevância das centrais e do Globo (dia 13): limitações do sindicalismo oficialista.

Em geral os jornalões jogaram para baixo o dia 11 sob a justificativa reducionista de compará-lo numericamente às manifestações de junho. Erro que se compreende em sua intenção, mas que não se sustenta, porque junho é avalanche e julho é iceberg, numa metáfora geográfico-ambientalista.

Para a nossa alegria, apesar dos muitos textos desorientados que precederam ou acompanharam os editoriais dos jornalões, o Globo no próprio dia 13 publicou o correto artigo de Adalberto Cardoso em que ele afirma que as “centrais sindicais se fizeram ouvir no país”. Este texto curto merece ser reproduzido em toda nossa imprensa sindical.

E agora? Persiste a necessidade de fazer avançar a pauta trabalhista, contribuindo desta maneira para que a economia e a sociedade avancem. É imperiosa a exigência do diálogo de alto nível com os mandatários e dirigentes e, sobretudo, devemos, desde já, nos preparar para as campanhas salariais do segundo semestre. A orientação das centrais de nos manifestarmos contra a terceirização também em frente das organizações patronais nos estados é muito correta.

A jornada de 11 de julho nos fortaleceu. O valor dá-se a quem tem.

* consultor sindical