“As manifestações que temos acompanhado desde o ano passado pelo país afora possuem características bastante profundas na desigualdade econômica existente no país e não deverão cessar diante da lentidão e desorientação dos Poderes Públicos frente aos problemas que nossa sociedade enfrenta há décadas e décadas de Políticas Públicas equivocadas. Ao se iniciarem como um estopim aceso pelo preço da passagem dos transportes, por trás já existiam motivos de sobra para que acontecessem.
A questão não é tão difícil de entender quando passamos os olhos pela Educação, pela Saúde, pela corrupção, pelos desmandos permanentes em todas as áreas das administrações públicas e principalmente pela vergonha que é a distribuição de renda em nosso país. Como sindicalistas, temos sentido ano após ano as dificuldades que os trabalhadores enfrentam para manterem um padrão de vida minimamente digno, ainda que as estatísticas oficiais demonstrem o contrário. O problema é que estatísticas, por melhor que sejam, são cálculos frios e a divisão da miséria parece ter sido a opção equivocada dos últimos governos diante do todo que precisamos para atingirmos graus de cidadania de fato.
Das manifestações pacíficas e legítimas ao estado de baderna e violência que temos assistido o risco à democracia é o maior perigo que estamos enfrentando e que ainda não conseguimos ver uma luz no fim do túnel. De quem é a culpa ? Como resolver problemas históricos represados há muito tempo ? Existe alguma possibilidade de estancarmos rapidamente os episódios lamentáveis de guerra civil que temos vivido ? As perguntas se estendem e as respostas não se dão de forma clara assim da noite para o dia.
No entanto parece-nos que o diálogo ainda é a única saída. Mas que seja um diálogo objetivo e pragmático. Que possua fundamentos sérios e de curto prazo. Que faça os setores sociais acreditarem em seus representantes e que os mesmo sejam legítimos e distantes de ações politiqueiras e sem conteúdo. Caso contrário, caminhamos a passos largos para a generalização da desordem social e econômica o que, se é algo que interessa a alguém, certamente não é à classe trabalhadora de nosso país”.
Cláudio Magrão