Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

A fome ronda de novo

Tempos atrás, a Folha de S.Paulo publicou reportagem sobre os “homens-gabiru”. A matéria mostrava pessoas mirradas, quase anãs, que chegaram àquela situação devido à fome que atingiu várias gerações de uma mesma família ou grupo social.

Após vencer a eleição em 2002, Lula, que conhece de perto a miséria extrema, lançou o programa “Fome Zero”, agregando várias políticas públicas – a mais conhecida, o Bolsa Família. Seu governo também deu suporte à agricultura familiar, que fixa o homem no campo e valoriza pequenas propriedades rurais.

Essa série de iniciativas, às quais acrescento a política de aumento real do salário mínimo, deu resultado. Em setembro de 2014, a ONU declarou que o Brasil saía do Mapa da Fome. O próprio Jornal Nacional da Globo informava: “O órgão das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura cita o Brasil como um dos países que conseguiram reduzir pela metade o número de pessoas que passam fome. Vinte anos atrás, 14,8% dos brasileiros viviam na miséria. Agora, o índice é de menos de 2%. A queda se deu pela eficiência dos programas de combate à fome”.

Pois bem. Domingo (10), o jornal O Globo trouxe de manchete o alerta de especialistas de que o Brasil pode voltar a integrar a triste lista dos países onde boa parte da população passa fome. As razões? A crise prolongada, a recessão que cortou sete milhões de empregos desde 2015 e o corte pelos governos em programas de inclusão.

A fome é um flagelo. E, num país com tantos recursos, como o Brasil, é crime de lesa-humanidade. A insuficiência de proteínas atrofia o cérebro, prejudica a aprendizagem, baixa a imunidade e induz a doenças, que vão demandar mais assistência médica e elevar os gastos públicos.

O brasileiro é solidário. Há pelo País milhares de entidades e iniciativas de apoio aos carentes. Essas ações – especialmente das entidades religiosas – reduzem a fome e o sofrimento. Mas são insuficientes. Quem tem de enfrentar o problema, com políticas efetivas, são os nossos governantes.

Porém, não bastam políticas assistencialistas. É preciso retomar o crescimento e promover inclusão social. Com o modelo neoliberal de Temer não há saída. Portanto, a melhor forma de combater a pobreza é adotar um projeto nacional focado no desenvolvimento, que fortaleça o setor produtivo, gere emprego e distribua renda. E combater com rigor a corrupção, que desvia dinheiro grosso e submete o Estado às máfias.

Massacre – No momento em que escrevo este texto, muitos senadores se preparam para aprovar a reforma trabalhista, que massacra direitos. Se eles não têm consciência, nós devemos ter. Devemos, portanto, combater a política antipovo e votar certo, para que o eleito de hoje não seja nosso algoz amanhã.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical

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