Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Solucionar problemas

Por João Guilherme Vargas Netto, consultor de entidades sindicais de trabalhadores

“Para não repetirmos as perplexidades que nos assolaram sobre as “jornadas de junho” de 2013 devemos analisar a paralisação dos caminhoneiros de uma maneira esclarecida e informada.

O movimento, que surpreendeu a todos, foi um protesto e uma resistência à situação escabrosa da economia e, em particular, à política rentista e internacionalizada de preços da Petrobrás. A luta dos caminhoneiros contra os sucessivos e escorchantes aumentos do preço do diesel insere-se na luta de resistência de todos os trabalhadores contra a vigência da lei trabalhista celerada e contra a perda de salário e de renda; merece apoio.

A própria conjuntura econômica travada e regressiva encontrou no setor de caminhões (tanto a fabricação quanto as vendas com crédito) um dos poucos elementos de retomada; isto levou a que a frota ficasse superdimensionada em uma situação geral de desemprego e de estrangulamento produtivo, pressionando os caminhoneiros com as despesas crescentes de combustíveis, com os rigores da concorrência e as exigências dos bancos e das empresas.

Acresce ainda o acelerado processo de “uberização” do setor; calcula-se que em dez anos a taxa de autônomos individuais tenha chegado a 50%, explorados e superexplorados pelos magnatas do transporte e do comércio.

Esses trabalhadores utilizam usualmente as redes sociais eletrônicas em seu cotidiano, com a experiência anterior de radioamadores. Isso explica, em parte, o caráter intempestivo, forte, disseminado e horizontal do movimento, sem comando prévio, efetivo, centralizado e visível.

O movimento sindical dos trabalhadores apoiou a manifestação com posições individuais de dirigentes e coletivas de entidades com força de representação.

Reforçaram o alcance da luta que, além da reivindicação específica, apontava os descalabros da economia e a política de preços da Petrobrás como os alvos prioritários.

Ao mesmo tempo em que assinalaram também as dificuldades do povo trabalhador com o aumento do preço dos bujões de gás, as direções indicaram como saída estratégica da crise (coisa impensável para os atuais detentores do poder) a superação do modelo rentista da economia e a retomada do desenvolvimento produtivo.

A experiência sindical em solucionar problemas deve ser agora mobilizada para ajudar na superação da crise juntamente com todos aqueles que não insistem em alternativas que pioram o quadro econômico e cortejam o autoritarismo antidemocrático”.

Por João Guilherme Vargas Netto, consultor de entidades sindicais de trabalhadores