Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Na cidade de Sete Lagoas, setor demitiu 4 mil pessoas

Valor Econômico

De Sete Lagoas

A cidade mineira de Sete Lagoas começou a viver seu ciclo de industrialização nos anos 70 com a instalação das primeiras unidades de ferro-gusa. O setor se transformou em pouco tempo na principal força da economia local. Parte importante da produção ia para o exterior, sobretudo EUA e Europa – o que forçou o município a se acostumar com as oscilações da demanda externa. Isso nunca pareceu ser um grande problema. Sete Lagoas se transformou na capital do gusa no Estado. Das 64 usinas de Minas Gerais, 21 estão na cidade. O setor chegou a responder por mais de 70% da arrecadação.

Só no fim dos anos 90 que a cidade ganhou outro setor industrial que mexeu com a economia. A Iveco, a fábrica de caminhões e ônibus da Fiat, se instalou na cidade e atraiu uma cadeia de fornecedores de empresas de autopeças. Em seguida vieram uma fábrica da Ambev e uma cimenteira da Brennand. Bombril, Itambé e Elma Chips são algumas das outras grandes fábricas da cidade. Mas até 2008, o setor de gusa continuava sendo o responsável pela maior parte da arrecadação da cidade.

Quando a crise financeira estourou no fim daquele ano, Sete Lagoas não demorou a sentir os efeitos. Uma a uma as usinas foram vendo sua demanda diminuir. Dos cerca de 5.500 funcionários que as usinas tinham 4.000 foram para a rua. A cidade tem 230 mil habitantes. “A arrecadação de 2009 foi menor que a de 2008. Tivemos de eleger prioridades”, lembra o prefeito Mário Márcio (PSDB), que vivia então seu primeiro ano de mandato.

“Tínhamos de diminuir os gastos com cargos comissionados, mas não pedíamos diminuir muito porque já tínhamos 4 mil trabalhadores na rua”, lembra ele. Isso sem falar no efeito cascata. Borracharias, oficinas mecânicas, produtores e vendedores de carvão e todos os que tinham seus negócios ligados ao gusa fecharam as portas ou ficaram menores.

O drama só não foi maior porque muitos trabalhadores que perderam emprego foram absorvidos pela construção civil, pela Brennand e pelas frentes de trabalho da prefeitura. Apesar de contar com outros setores, a cidade ainda tem uma ligação estreita com o gusa. “O baque da crise tem reflexo ainda hoje”, diz o prefeito. (MMS)