Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Grande vitória

Por João Guilherme Vargas Netto
consultor de entidades sindicais de trabalhadores 

A Câmara dos Vereadores de São Paulo retirou da pauta o projeto da deforma previdenciária do Dória e adiou sua discussão em 120 dias.

Não é preciso convocar um Homero ou um Camões para cantar as glórias desta vitória sindical, isto seria um exagero.

Mas não registrá-la seria mais que desleixo, seria um desserviço, a mesma acusação que se deve fazer ao silêncio costumeiro da mídia sobre as lutas sindicais.

A grande vitória do funcionalismo público, em especial dos professores e das professoras, auxiliares e especialistas de educação (e, diga-se, para registro correto, dos engenheiros da prefeitura) deve-se ao espírito de resistência que os animou a todos, à unidade e persistência que manifestaram e à relevância que suas entidades sindicais demonstraram ter ao representá-los, dirigindo seus esforços grevistas e agindo entre os vereadores.

O projeto da deforma previdenciária do Dória era ruim, malicioso e complexo, mas os agredidos logo perceberam que no fim das contas significava um arrocho salarial para todos sem nenhuma contrapartida a não ser a inglória pregação gestionária de “corte”, nem mesmo garantindo as pretensões estabilizadoras.

Mas não foi sua ruindade que o derrotou, mesmo com a deforma previdenciária federal tendo sido também abandonada em Brasília. Foi o esforço de resistência em defesa dos direitos e dos interesses agredidos, aqui e agora.

Basta recapitular o desdobramento da luta, desde a criminosa agressão às professoras, a solene manifestação após o assassinato da vereadora carioca e seu motorista, as discussões com os vereadores, o acampamento, todas as sucessivas manifestações maciças e ordeiras e a greve dos diretores, professores e funcionários.

As entidades sindicais representativas foram protagonistas e cada uma, no seu empenho unitário, contribuiu com o que havia de melhor em suas direções e em seus ativistas para o êxito.

Mesmo tardiamente, mas fazendo autocrítica do pouco apoio e solidariedade que manifestaram, conclamo as direções das centrais sindicais e das confederações dos trabalhadores a se associarem a esta vitória que, na atual conjuntura difícil, enche de orgulho os vitoriosos e demonstra que quem luta faz (e desfaz) a lei.