Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Cuidados com a democracia – artigo do Cabeça

Com democracia, existe possibilidade concreta de construirmos uma Nação forte, soberana e com justiça social. Sem democracia, as chances são nulas. Os regimes fechados podem servir a grupos, nacionais ou transnacionais; menos ao povo.

Digo isso porque, sinceramente, temo pela democracia brasileira. O golpe desfechado contra uma presidenta eleita, ainda que supostamente, embasado na lei, coloca tudo em suspenso. Se o voto da maioria do povo não é respeitado pelo Congresso Nacional, o que então merecerá respeito dos nossos legisladores?

Para os trabalhadores são duas as preocupações principais. A primeira é com o emprego, a cada dia mais escasso. A segunda é com os direitos, ameaçados por dezenas de projetos no Congresso e também por iniciativas do presidente Temer, que mesmo na condição de interino ousa mudar a Constituição e alterar medidas de proteção aos trabalhadores da ativa e aposentados.

Eu, como muitos sabem, sou filiado ao PDT. Mas, antes dessa condição, sou cidadão brasileiro, trabalhador e dirigente sindical. E, na condição de dirigente, entendo que o conjunto do movimento sindical precisa, com urgência e responsabilidade, buscar entender o que está acontecendo em nosso País, projetar o que pode acontecer, para adotar as cautelas necessárias e armar a devida resistência.

Vejo, com muita preocupação, a postura do governo que vai se instalando. Até o momento, não houve uma única medida contra o forte, ou seja, o poder econômico, sequer para impor taxa às grandes fortunas, como ocorre em muitos países avançados. Os grandes devedores da Previdência também estão à vontade.

Preocupam, e muito, medidas de redução do Estado. O caso mais flagrante é o da Lei que reduz a presença da Petrobras no pré-sal, retirando do Estado brasileiro o poder de manejar um fundo capaz de mudar radicalmente as condições da educação em nosso País. Por medida provisória, Temer também cortou recursos da saúde e da educação, e, mais recentemente, suspendeu o programa de combate ao analfabetismo.

Não estou desesperançado com o Brasil. Também não acho que a luta já esteja decidida. Mas sinto que o momento é grave e não devemos baixar a guarda. A primeira questão, volto a dizer, é a defesa da democracia. A segunda é a preservação de direitos individuais, trabalhistas e sociais. Sem democracia, não há direitos; sem direitos não há democracia.

Essa tarefa não é minha, não é sua, não é do metalúrgico nem do aposentado. Ela é de todos nós.

Josinaldo José de Barros (Cabeça), presidente interino do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região